A Cacau Show, maior rede de franquias do país, voltou a ser notícia após fechar a loja de Náira Alvim, a primeira franqueada a expor publicamente denúncias de abusos e retaliações contra parceiros da empresa. Embora a companhia tenha classificado as reportagens do Metrópoles, que revelaram perseguições contra franqueados críticos, como “boatos” em comunicados internos, a decisão de fechar o ponto comercial demonstra na prática a existência das tensões relatadas.
A loja de Náira foi fechada poucos dias após a divulgação das denúncias. O local, que estava em processo de transferência para outro franqueado, teve as placas de “fechado” instaladas durante uma visita de representantes da rede, na segunda-feira, 2 de junho. Náira só soube do fechamento por meio de vizinhos.
Mesmo enfrentando dívidas com a Cacau Show, a franqueada havia encontrado um comprador interessado na franquia, e a negociação estava próxima de ser finalizada, sob supervisão da própria empresa. Contudo, o contrato foi rescindido de maneira repentina.
Segundo a Cacau Show, a rescisão ocorreu porque a tentativa de venda não foi concretizada e a empresa não deseja mais manter a relação de franquia, conforme previsto em cláusulas contratuais. O término do contrato foi informado com um prazo de 30 dias para oficialização.
Com a decisão inesperada, Náira terá que reassumir o imóvel da franquia e buscar maneiras de reduzir os prejuízos acumulados, que já são consideráveis.
Foi Náira quem iniciou a quebra do silêncio sobre as práticas da Cacau Show, inicialmente mantendo o anonimato por medo de represálias. Ela publicou um livro e criou o perfil “A Doce Amargura” para relatar suas experiências. Após a repercussão da reportagem, Náira decidiu falar abertamente sobre a situação em entrevistas.
A coragem da franqueada motivou dezenas de outros franqueados e ex-parceiros da rede a revelarem relatos semelhantes de abusos e pressões. Como consequência, foi criada uma associação de franqueados, com Náira assumindo a presidência.
Desde então, ela tem sofrido ataques e críticas nas redes sociais, refletindo o clima conflituoso que envolve as denúncias. Enquanto isso, a Cacau Show mantém sua postura oficial, desmentindo as acusações e chamando os relatos de “boatos” em comunicados internos.
O caso destaca o conflito crescente entre a empresa e seus franqueados, que afirmam enfrentar dificuldades para questionar as práticas da rede sem sofrer retaliações. A situação de Náira expõe um ambiente de controle rígido e retaliações dentro de uma das maiores redes de franquias do Brasil, levantando dúvidas sobre o relacionamento entre a marca e seus parceiros comerciais.
Esse episódio ressalta a necessidade de discussões mais profundas sobre os direitos dos franqueados, especialmente em grandes redes, onde decisões corporativas impactam diretamente os negócios locais. A repercussão do caso deve continuar a crescer, estimulando franqueados a buscarem mais transparência e proteção diante das práticas adotadas pela empresa.
Fonte: pensandodireita.com