Apesar das mais de 300 mil assinaturas de brasileiros contrariados com a vinda de Judith Butler ao Brasil, suas palestras não foram canceladas. Ele estará no SESC Pompéia, em São Paulo, de 7 a 9 de novembro.
A filósofa americana, considerada a criadora a da “ideologia de gênero”, soube da polêmica envolvendo seu nome, mas minimizou a oposição. Para ela, trata-se de um “grande equívoco”, porque não virá ao país falar sobre sexualidade, mas sim sobre a situação de Israel e Palestina.
Em entrevista à BBC, Butler disse acreditar que falar sobre os conceitos de gênero gera muito medo. “É uma ideia muito mal compreendida e representada como caricatura. Até o papa Francisco condenou o ‘gênero como uma ideologia diabólica’”, admite. Criticada sobretudo pelos cristãos que defendem a família e entendem que a ideologia defendida por ela é algo nocivo para a sociedade, a filósofa admite: “É uma crítica feita pelo Catolicismo de direita… Se você baseia a sua visão de mundo na Bíblia, então, a ideia de gênero vai ser mesmo ofensiva.”
Através de seus escritos é que se consolidou a ideia de que uma pessoa pode decidir se quer ser tratada como homem ou mulher. “Ser humano é viver na interseção entre biologia e cultura”, provoca. “Assim, mulheres percebem que podem fazer mais, homens podem se expressar mais, o amor gay e lésbico torna-se legítimo, as pessoas queer se veem como parte do mundo. O gênero abre para elas a possibilidade de respirar, viver, pertencer”, insiste.
Feminista confessa, a professora na Universidade da Califórnia em Berkley, uma das principais instituições de ensino dos Estados Unidos, em seus estudos mais recentes, se queixa da ascensão dos movimentos de direita em várias partes do mundo. Nitidamente avessa ao pensamento da maioria dos cristãos, Butler atualmente é a principal pesquisadora de um programa que reúne estudiosos do campo da teoria crítica, com uma confessa inspiração neomarxista.