A perda de espaço no mercado interno está preocupando a Petrobras e pode ser um empurrão para a estatal reduzir o preço do combustível. Fontes próximas à diretoria da companhia informaram que a estatal estuda baixar, até o fim deste ano, o preço da gasolina para garantir paridade com o valor praticado no mercado internacional. O preço desse combustível no país não cai há mais de sete anos.
Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), em agosto foram importados 1,87 milhão de barris de gasolina A (sem etanol), contra 294,9 mil em igual mês do ano passado, uma alta de 533%. Sentindo os efeitos da queda do consumo no Brasil provocada pela recessão, e com os preços da Petrobras acima das cotações internacionais, várias distribuidoras e agentes do mercado vêm importando gasolina e diesel.
A venda de gasolina cresceu 2% em julho, num total de 21,6 milhões de barris, enquanto as do combustível da Petrobras ficaram estagnadas no primeiro semestre. O comércio de diesel caiu 8,8% no país em julho, queda menor que a da estatal, que caiu 12% no semestre.
De acordo com dados do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), na semana passada, a Petrobras estava vendendo a gasolina em suas refinarias cerca de 20,9% mais cara do que no mercado externo, enquanto o preço do diesel estava 39,5% mais alto aqui. Nos seis primeiros meses do ano, a estatal teve um ganho de R$ 12,8 bilhões com essa diferença de preços.
NOVA POLÍTICA DE PREÇOS
O presidente da petroleira, Pedro Parente, disse ontem que nada foi decidido sobre redução no preço da gasolina e do diesel. O executivo afirmou que qualquer mudança de valores só será feita após a definição de uma nova política de preços.
— Não há decisão tomada. Estamos definindo como será a nossa política, mas é importante registrar que essa política tem, sim, como base a paridade internacional. Toda empresa tem que ter a sua margem. Este é um mercado de risco. Temos que levar isso em conta também. Tem muita volatilidade nesse mercado. Quando essa política estiver aprovada, tanto pode ter reduções quanto aumentos. Essa é a informação relevante. Não é só numa direção que isso pode funcionar — explicou Parente.
O Globo