O vice-presidente Michel Temer admitiu na terça-feira que Henrique Meirelles é o seu preferido para ocupar o Ministério da Fazenda em um eventual novo governo. Com larga experiência no mercado financeiro e sólida passagem pelo setor público — é o mais longevo presidente do Banco Central (BC) — seu nome foi bem recebido pelo mercado e no meio empresarial. Pesam a seu favor, segundo economistas, a capacidade de resistir às pressões políticas e, ao mesmo tempo, ser bom negociador, talento apontado como crucial para aprovação junto ao Congresso de uma agenda econômica impopular para tirar o país da crise fiscal.
Em entrevista ao jornalista Jorge Bastos Moreno, publicada no site do GLOBO, Temer disse que tem feito apenas “sondagens” para montar um possível novo ministério, mas afirmou ter ficado “muito bem impressionado” com a conversa que teve com Meirelles. Depois, disse que delegaria “ao Meirelles” o direito de indicar o presidente do Banco Central e outros integrantes da equipe. Flagrado na gafe, tentou corrigir:
— Falei “Meirelles” porque, hoje, estou com esse nome na cabeça. Repito: fiquei muito bem impressionado com a conversa que tive com ele. Então, confesso que se eu tivesse que assumir hoje, o ministro da Fazenda seria ele — afirmou Temer.
O vice indicou ainda que Eliseu Padilha (PMDB-RS) poderia ocupar a Casa Civil; insinuou que José Serra (PSDB-SP) assumiria a pasta de Educação; reconheceu que o advogado Antonio Cláudio Mariz de Oliveira (PSB-SP) seria um bom nome para a Justiça, e defendeu o bom trânsito de Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) no Congresso como ponto favorável para exercer a articulação política.
A notícia de que Meirelles poderia vir a ocupar a Fazenda foi um dos motivos que fizeram a Bovespa subir 2,35% na terça-feira. Para o ex-diretor do BC e atual economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio, Carlos Thadeu de Freitas, a boa recepção do mercado tem a ver com o fato de Meirelles ser “o homem do não”. Por ter assumido a presidência do Banco Central em 2003, quando o mercado temia o que poderia ocorrer com a política econômica no primeiro governo Lula, Meirelles teve de ser duro para manter a independência da instituição.
— Ele sabe dizer não. Soube resistir às pressões políticas para baixar os juros. Saberá dizer não para os estados, que tentam renegociar suas dívidas com a União — disse Carlos Thadeu.
O Globo