Com o tema “Não ao Parto Agendado”, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) lançou uma nova campanha para sensibilizar gestantes e profissionais de saúde quanto à realização de cesáreas desnecessárias. A campanha foi idealizada pelo Projeto Parto Adequado, visando a melhoria da prática obstétrica no Brasil.
As mensagens, que serão veiculadas pelas mídias sociais, vão alertar sobre a realização de cesáreas antecipadas e desnecessárias, principalmente no período das férias, festas de fim de ano e carnaval, quando existe um aumento no número de partos cirúrgicos, levando à prematuridade dos bebês.
“Os meses de dezembro a fevereiro são um período em que notamos aumento das cesáreas desnecessárias agendadas em função das diversas datas comemorativas. Para prevenir as gestantes, mobilizar os profissionais de saúde e alertar a sociedade, elaboramos esta campanha, que tem o objetivo de alertar para os riscos das cesarianas sem necessidade”, explica a diretora de Desenvolvimento Setorial da ANS, Martha Oliveira.
As mensagens veiculadas serão: “Respeite o tempo do seu bebê”. “Para o nascimento, não há feriado: evite o parto agendado, escolha o #partoadequado”. Por meio das mídias sociais, serão divulgadas, regularmente, informações que abordam as vantagens e os mitos relacionados ao parto normal e destacam a importância de práticas baseadas em evidências científicas.
A iniciativa também visa estimular o engajamento das equipes de saúde atuantes nos hospitais participantes do projeto Parto Adequado, e demonstrar e difundir as mudanças na assistência prestada por essas instituições.
“O Hospital, como líder clínico do Projeto, se preocupa com a educação e a informação das pacientes sobre as vantagens de se aguardar o termo da gestação e, de preferência, aguardar o início do trabalho de parto, períodos em que o bebê está maduro, diminuindo várias complicações, como as pulmonares, icterícia, capacidade de manter a temperatura, capacidade de sucção para que se estabeleça uma boa amamentação”, afirma Miguel Cendoroglo Neto, diretor superintendente do Einstein.
Riscos
Estudos científicos apontam que, quando não tem indicação clínica, a cesariana aumenta em 120 vezes a probabilidade de problemas respiratórios para o recém-nascido e triplica o risco de morte da mãe. Cerca de 25% dos óbitos neonatais e 16% dos óbitos infantis no Brasil estão relacionados à prematuridade.
Em cesarianas desnecessárias, o recém-nascido pode sofrer complicações respiratórias imediatas, e se o parto for realizado antes das 39 semanas de gestação, o nascimento pode ocorrer antes da completa maturação pulmonar do bebê. E, como em toda intervenção cirúrgica, existe risco de mortalidade derivada do próprio ato cirúrgico ou da situação vital de cada paciente.
“Não há evidências científicas que justifiquem agendar um parto com antecedência, salvo algum risco claro para a saúde da mãe e do bebê. Por isso é importante se informar, buscar a opinião de outros profissionais, conversar com o seu médico”, destaca a coordenadora do projeto Parto Adequado na ANS, Jacqueline Torres. “A mulher tem o direito de ser informada e ser parte ativa na decisão do tipo de parto”, assinala.
Vantagens do parto normal
Pesquisas comprovam que a passagem pelo canal vaginal, na hora do nascimento, coloca o bebê em contato com bactérias naturalmente presentes nessa área do corpo da mulher, fortalecendo seu sistema imunológico e prevenindo o desenvolvimento de alergias e outros problemas de saúde no futuro.
O trabalho de parto, ao contrário de um sofrimento para a criança, significa amadurecimento: a intensificação gradual das contrações musculares do corpo da mãe, necessárias para o bebê nascer, favorece a prontidão para o nascimento e o contato com o mundo – ritmo cardíaco, fluxo sanguíneo e maturação pulmonar são gradativamente trabalhados.
A ciência já demonstrou também que hormônios naturalmente atuantes durante o trabalho de parto favorecem o vínculo entre mãe e bebê, o aleitamento materno e a recuperação pós-parto.
O projeto Parto Adequado é uma iniciativa desenvolvida pela ANS, pelo Institute for Healthcare Improvement (IHI) e pelo Hospital Albert Einstein, com apoio do Ministério da Saúde, que envolve 42 hospitais e mais de 34 operadoras de planos de saúde de todo o país.
Por Portal Brasil e Ministério da Saúde