O projeto de lei apresentado pelo deputado Érica Hilton, do PSOL, tem gerado uma série de debates no Congresso Nacional. A proposta busca acabar com a escala 6×1, permitindo uma jornada de trabalho de quatro dias por semana, com três dias de descanso. Embora a medida tenha ganhado apoio entre os defensores dos direitos trabalhistas, ela também tem enfrentado severas críticas, especialmente de setores industriais, que alertam para possíveis consequências econômicas adversas.
Um estudo realizado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) sugere que a implementação desse projeto pode resultar em sérios danos à economia brasileira. De acordo com a pesquisa, caso a redução da jornada não seja acompanhada por um aumento substancial na produtividade, até 18 milhões de postos de trabalho podem ser extintos. Além disso, o levantamento aponta que o aumento nos custos operacionais das empresas poderia prejudicar a competitividade da indústria nacional. A projeção mais pessimista também prevê uma queda no Produto Interno Bruto (PIB) de até 16%, o que significaria uma perda de cerca de R$ 3 trilhões.
A principal preocupação dos opositores da proposta é a baixa produtividade dos trabalhadores brasileiros, que, em média, produzem apenas 23% do que seus colegas nos Estados Unidos. Esses críticos afirmam que reduzir a carga horária sem um aumento na produtividade pode afetar negativamente a geração de empregos e comprometer o equilíbrio econômico do país. Para esses especialistas, antes de avançar com a redução da jornada de trabalho, o Brasil deveria investir em melhorias na formação técnica dos trabalhadores e na modernização das empresas, de modo a aumentar a produtividade.
Por outro lado, a proposta de Érica Hilton tem o apoio de muitos sindicatos e movimentos sociais, que argumentam que a redução da jornada pode trazer mais qualidade de vida aos trabalhadores, além de ajudar a equilibrar a vida pessoal e profissional. No entanto, muitos parlamentares consideram a medida populista e questionam a falta de estudos técnicos que comprovem seus benefícios. Para eles, um projeto dessa envergadura deveria ser acompanhado de pesquisas detalhadas que provassem a viabilidade da proposta, antes de ser discutido ou votado.
Em uma recente entrevista, a deputado Hilton foi questionada sobre a ausência de um estudo mais aprofundado sobre os impactos econômicos da proposta. Ela reconheceu que ainda não havia feito esse levantamento, o que gerou mais controvérsia entre seus críticos. A falta de uma base técnica sólida para justificar a alteração da jornada de trabalho levou muitos a acusarem a proposta de ser baseada mais em questões políticas do que em evidências econômicas.
Além disso, a proposta também levanta questões sobre como a medida poderia afetar diferentes setores da economia, como o comércio e os serviços, que dependem de uma carga horária mais intensa. A falta de estudos específicos sobre essas áreas, além de uma análise detalhada dos custos e benefícios, tem gerado incertezas sobre a real eficácia da proposta.
O futuro da proposta ainda é incerto, já que ela está em processo de tramitação na Câmara dos Deputados. A medida continua sendo um tema polarizador, com opiniões divididas entre os que acreditam que ela pode melhorar as condições de trabalho no Brasil e os que temem seus efeitos negativos sobre a economia. Enquanto o debate prossegue, a falta de estudos concretos sobre os impactos da mudança mantém a proposta no centro das discussões políticas.
Fonte: pensandodireita