Presidente da Câmara disse ver com preocupação ações da PF contra parlamentares. Marcel Van Hattem e Cabo Gilberto Silva foram indiciados por críticas a delegado que investiga casos ligados a Bolsonaro. Andrei Passos Rodrigues, diretor-geral da PF
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O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, afirmou nessa quarta-feira (5) que críticas do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), “atrapalham zero” o trabalho da PF nos casos de indiciamento de deputados por discursos feitos em plenário contra um delegado da corporação (leia mais abaixo).
Rodrigues disse respeitar a Câmara, mas ponderou que “imunidade parlamentar não é para cometimento de crimes”. A declaração do diretor-geral da PF foi dada durante um café da manhã com jornalistas.
Marcel Van Hattem (Novo-RS) e Cabo Gilberto Silva (PL-PB) foram indiciados pela PF por críticas feitas à atuação do delegado da PF Fábio Alvarez Shor. Eles são acusados de calúnia e difamação.
Em fala durante sessão na semana passada, Lira afirmou ver com preocupação ações da PF contra os parlamentares. Também defendeu a imunidade material do discurso dos deputados e destacou a importância do instrumento para o pleno exercício do mandato.
“Sem essa imunidade material, plenário do parlamento brasileiro, esse terreno livre, estaria sujeito a todo tipo de limitação e censura, com claro comprometimento da atividade parlamentar”, afirmou Lira na ocasião.
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O caso
O delegado atua em investigações sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como o da tentativa de golpe de Estado e o que está relacionado à fraude do cartão de vacina.
Van Hattem disse que o delegado produziu relatórios fraudulentos contra pessoas inocentes e o chamou de “abusador de autoridades”
“Sabe o que todos esses tem em comum? Todos esses perseguidos pela PF? Todos eles divulgaram foto de mais um abusador de autoridade da PF, Fábio Alvarez Shor”, afirmou o deputado em discurso no plenário em agosto.
“Não tenho medo de falar e repito. Quero que as pessoas saibam sim que é esse dito policial, que fez vários relatórios absolutamente fraudulentos contra pessoas inocentes”.
Gilberto Silva fez críticas semelhantes à atuação do delegado e também foi indiciado.
“Fui indiciado pela Polícia Federal do presidente Lula. Roubei? Matei? Trafiquei drogas? Pratiquei corrupção? Não! Apenas cumpri com o meu dever; fiz denúncias na tribuna da Câmara dos deputados sobre a conduta do delegado Fábio, que está à frente de vários inquéritos ilegais contra inocentes brasileiros”, disse.
Fonte: G1