Investigação aponta que falta de apoio militar foi decisiva para impedir a execução do decreto que tinha como objetivo promover um golpe de Estado. Ex-presidente Jair Bolsonaro 04/10/2022
REUTERS/Adriano Machado
A Polícia Federal afirmou que Jair Bolsonaro, enquanto presidente da República, “efetivamente planejou, ajustou e elaborou um decreto que previa a ruptura institucional”.
O documento, que previa medidas extremas como a anulação das eleições de 2022 e a centralização do poder, tinha o objetivo de subverter o Estado Democrático de Direito e garantir a manutenção de Bolsonaro no poder.
Segundo o relatório, o plano não foi consumado devido à resistência dos então comandantes do Exército Freire Gomes e da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Junior, e da maioria do Alto Comando, que se mantiveram fiéis à defesa das instituições democráticas.
➡️Esses militares recusaram-se a oferecer o suporte armado necessário para que o presidente concretizasse o golpe de Estado.
A falta de apoio militar foi decisiva para impedir a execução do decreto, que, segundo a PF, já estava elaborado e ajustado por Bolsonaro.
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As investigações reforçam o papel ativo de Bolsonaro na concepção do plano golpista e demonstram que as circunstâncias que frustraram a sua consumação foram externas à sua vontade.
O caso representa um dos episódios mais graves de ameaça ao Estado de Direito na história recente do Brasil e segue em análise judicial, com a possibilidade de novos desdobramentos e responsabilizações.
Documento rasgado
Mensagens obtidas pela Polícia Federal indicam que um possível decreto golpista assinado por Jair Bolsonaro teria sido destruído por integrantes do Alto Comando do Exército.
Durante uma troca de mensagens entre Mauro Cid e Sérgio Cavalieri, prints de conversas com um interlocutor chamado “Riva” trazem detalhes de uma reunião entre Bolsonaro, seu vice-presidente Hamilton Mourão, e generais do Alto Comando.
Segundo Riva, Mourão teria negociado a saída de Bolsonaro em referência a uma tentativa de golpe no Peru.
De acordo com Riva, durante essas negociações, os generais decidiram destruir o documento assinado por Bolsonaro, que, segundo ele, poderia ser o decreto golpista.
“Rasgaram o documento que o 01 assinou”, escreveu Riva, usando o apelido “01” para se referir ao ex-presidente.
A revelação, segundo a PF, sugere um conflito interno nas Forças Armadas, com o Alto Comando recusando-se a dar continuidade ao plano de ruptura institucional.
Fonte: G1