Repórter e âncora foi a primeira agraciada com o Prêmio Glória Maria, criado pelos deputados para homenagear profissionais de destaque. Zileide Silva
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A jornalista Zileide Silva foi premiada pela Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (13).
A repórter e âncora da TV Globo foi a primeira agraciada com o Prêmio Glória Maria de Jornalismo, criado pelos deputados em 2023 para homenagear profissionais de destaque na área.
➡️ Zileide Silva recebeu a premiação depois de um processo de escolha de indicados pelas lideranças partidárias da Casa e da eleição do vencedor pela Mesa Diretora da Câmara.
O anúncio da primeira vencedora do prêmio, que é concedido anualmente, ocorreu em maio deste ano.
Nesta quarta, a jornalista recebeu a medalha alusiva à premiação e foi homenageada no espaço mais importante da Câmara, o plenário.
Câmara aprova criação do prêmio Glória Maria de Jornalismo
Referência na cobertura política, Zileide é celebrada por parlamentares e colegas por sua principal marca: o profissionalismo.
Paulistana e filha de um mestre de obras e de uma dona de casa, Zileide Silva começou a carreira no jornalismo ainda em São Paulo, em 1978.
Cerca de dez anos depois, deu início à trajetória na cobertura política e econômica. Ela chegou à TV Globo em 1997, escolhida para ser repórter em Brasília.
Há anos, Zileide assiste e reporta a história do país. A jornalista cobriu todos os presidentes da República eleitos pelo voto popular desde a redemocratização — de Fernando Collor de Mello ao terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em suas reportagens para a TV Globo, traduziu, ainda, incontáveis decisões políticas tomadas no Congresso Nacional e na economia.
A carreira de Zileide Silva não se limita, no entanto, ao mundo político-econômico de Brasília. Ela também foi, como gosta de dizer, “testemunha ocular da história” como correspondente internacional em Nova York.
Coube à jornalista noticiar, numa edição histórica do Jornal Nacional de 11 de setembro de 2001, que a Al Qaeda e Osama Bin Laden eram responsáveis pelo atentado às Torres Gêmeas.
Sempre com espírito modesto, a repórter também é símbolo e inspiração para gerações de pessoas negras dentro e fora do jornalismo.
Foi pioneira em diversos momentos, como, em 2006, ao se tornar a primeira repórter negra a integrar uma comitiva presidencial no Brasil, acompanhando uma viagem de Lula à África.
A admiração pela jornalista também pode ser exemplificada com uma história. No ano em que entrou na TV Globo, as reportagens de Zileide emocionaram e inspiraram Rubens Silva a batizar a sua filha, um ano depois, com o mesmo nome da repórter.
“Quando eu vi a Zileide Silva entrando no ar, eu perguntei: como? Ela deve ser muito inteligente, ter muita sorte, porque era muito difícil entrar na Globo naquela época. E eu falei pra minha esposa, se eu tiver uma filha, vai chamar Zileide, porque é muito difícil, e ela conseguiu”, contou Rubens ao Esporte Espetacular em 2023.
Vinte e seis anos depois, a filha de Rubens virou atleta e medalhista paralímpica. Zileide Cassiano da Silva ganhou a medalha de prata no salto em distância, classe T20, nos Jogos Paralímpicos de Paris.
Toda a história e a carreira de Zileide Silva foi celebrada no prêmio concedido pela Câmara dos Deputados — criado para homenagear outro ícone do telejornalismo brasileiro: Glória Maria, morta no ano passado.
“A Câmara dos Deputados se sente fortalecida com o trabalho ético, que valoriza a liberdade de expressão e fortalece a democracia, realizado por Zileide Silva”, disse a segunda-secretária da Casa, deputada Maria do Rosário (PT-RS), ao anunciar a escolha de Zileide.
Zileide Silva
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Trajetória
Nascida em 26 de outubro de 1958, Zileide Silva da Luz se formou em jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero, em São Paulo. O jornalismo não era seu plano inicial. Estudante de escola pública, Zileide gostava de matemática e chegou a iniciar o curso de física.
Ela começou como redatora em uma rádio paulistana no ano de 1978. Seguiu para a Rádio Cultura e lá teve a oportunidade de migrar para o telejornalismo.
Na TV Cultura, Zileide Silva se aproximou da economia e da política — nesse período, conta, fez cursos para aprofundar seus conhecimentos. Já repórter de TV, Zileide foi contratada pelo SBT, onde mergulhou, ainda mais, na cobertura do Poder.
Em 1997, ela foi contratada pela TV Globo como repórter de economia em Brasília. Logo, passou a fazer também a cobertura diária do Palácio do Planalto, dos ministérios e do Congresso.
Três anos depois, Zileide Silva foi convidada a assumir a função de correspondente internacional da TV Globo em Nova Iorque. Aceitou. Participou, entre outras coberturas, da eleição de George W. Bush e do atentado às Torres Gêmeas.
Zileide retornou a Brasília e passou a cobrir o primeiro governo Lula, em 2003. Não saiu mais. Na Globo, em 2007, ainda tornou-se âncora do Jornal Hoje aos sábados. Foi também apresentadora do bloco de notícias de Brasília no Bom Dia Brasil.
A repórter e âncora já ganhou quatro vezes o Prêmio Comunique-se. Em 2022, recebeu o Prêmio Contribuição do Jornalismo, no Troféu Imprensa Brasileira.
No último ano, Zileide Silva também foi agraciada com o prêmio +Admirados Jornalistas Negros e Negras da Imprensa Brasileira.
Fonte: G1