No contexto das eleições municipais de 2024 no Brasil, o país tem enfrentado um cenário alarmante marcado pela violência política, que se tornou não apenas um tema de discussão, mas uma realidade tangível. Júnior Melo, em sua análise, destaca como a violência entre candidatos, como o caso emblemático da agressão de Datena contra Pablo Marçal, reflete uma normalização da violência eleitoral. Embora a agressão física tenha sido amplamente noticiada, não se viu uma reprovação veemente por parte da grande imprensa, a reação da mídia e do público expôs uma divisão profunda na sociedade.
O caso de Datena, que agrediu Marçal com uma cadeirada durante um debate, não configura crime eleitoral, mas ilustra uma tendência preocupante de aceitação ou até celebração de atos violentos no âmbito político. Especialistas apontam para uma “profissionalização do ódio” na política brasileira, onde ataques verbais e físicos são usados como estratégia eleitoral. Isso não só desvaloriza a democracia mas também coloca em risco a segurança dos próprios candidatos, como evidenciado por incidentes graves, principalmente no nordeste e no estado do Rio de Janeiro.
Melo crítica o que ele vê como um viés no jornalismo progressista brasileiro. A cobertura da agressão de Datena, seguida por uma reação mista, onde parte da imprensa e do público pareceu mais interessada na “caça” a Marçal por supostas falsificações em suas campanhas, sugere um ambiente onde certos comportamentos são mais rapidamente condenados dependendo do perfil do envolvido. Essa polarização na mídia reflete um Brasil onde as instituições, incluindo a imprensa, são percebidas como parcializadas, favorecendo ou desfavorecendo candidatos com base em suas agendas políticas.
A análise não poupa as instituições brasileiras, sugerindo que a Justiça Eleitoral e outras entidades podem estar mais propensas a agir com base em viéses políticos. A reação da população e da mídia à violência eleitoral, onde atos que seriam inaceitáveis em outras democracias são minimizados ou até celebrados, reflete uma crise de valores e uma fragmentação social profunda. Isso é agravado por um ambiente onde o que se fala nas redes sociais pode ser mais impactante que a realidade jurídica ou ética dos fatos.
Júnior Melo conclui que, enquanto a violência política é vista como um meio aceitável de disputa ou de expressão de descontentamento, e enquanto a imprensa e as instituições são vistas como parcializadas, o Brasil caminha para um futuro onde a democracia está em risco. A análise serve como um alerta sobre a necessidade de uma reflexão crítica sobre o que a sociedade brasileira está disposta a aceitar como normal no contexto eleitoral, destacando a urgência de uma reavaliação dos valores democráticos e da imparcialidade das instituições.
por Jr. Melo/ DiarioDoBrasilNoticias