O Flamengo jogou muito mal e perdeu por 1 a 0 para o Peñarol na noite desta quinta-feira, no Maracanã. Em entrevista coletiva, Tite disse respeitar a reação da torcida, que o xingou no intervalo e após o apito final, mas admitiu que as ofensas doem de alguma forma.
– Claro que dói no lado humano, mas o lado da experiência também mostra que, quando você produz bem, as reações do torcedor são compatíveis com o amor ao clube. Eu respeito muito isso, até porque vivenciei bastante. Tenho, sim, respeito quando a torcida me critica ou me vaia. O trabalho pode reverter, o resultado também. Transformar isso num desempenho bom lá, vencer e se classificar é um caminho.
Tite diz que respeita vaias da torcida do Flamengo, mas faz ressalva: “Claro que dói”
Tite foi perguntado sobre qual autoavaliação faz do trabalho no Flamengo estando há um ano à frente da equipe. O treinador afirmou que a única forma de conseguir o apoio popular é conquistando grandes competições.
– Eu tenho que respeitar o sentimento do torcedor. Claro que sinto isso, sou humano. Só vai reverter de uma forma. Sabe como se conquista torcedor? Sabe como conquistei os torcedores dos outros clubes pelos quais passei? Ganha título importante. Se não for, tchau.
Tite: “Sabe como se conquista torcedor? Ganha título importante”
Questionado sobre a dificuldade do Flamengo para vencer jogos fora de casa desde 2022 na Libertadores, Tite prometeu maior efetividade no Uruguai, na próxima quinta-feira, às 19h (de Brasília).
– Grande oportunidade de quebrar essa escrita. É histórico, não é assim? Temos totais condições de chegar lá e fazer. Foi um jogo de efetividade. Com dois minutos ou três faz o gol, e você trabalha em cima do resultado. Fomos afoitos em alguns momentos, precipitamos em outros, e o goleiro teve felicidade também. Vai criar metade das oportunidades que criou hoje e vai fazer gol lá. Me cobra depois.
Por que optou por Pulgar no Léo Ortiz?
– Todas as possibilidades que são aventadas agora fora do que aconteceu vão ter razão. Todas são “poderia ser melhor”. Pulgar é um jogador de seleção, vinha bem na sequência e estava habituado (à posição) há mais tempo. O Léo estava jogando muito numa situação de que não gostava. Eu precisava naquele momento, e ele contribuiu.
Tite: “Vamos fazer gol lá. Me cobra depois”
– A gente não pode generalizar por um erro. A escolha foi em cima de um jogador de seleção, de alto nível e que tem todo um lastro em cima de uma equipe organizada e treinada mais com ele do que com o próprio Ortiz.
Tentativa de reação no jogo
– O jogo do desempenho estava bem apresentado, e a efetividade também faz parte do futebol. Futebol é assim, em alguns momentos se fica com a sensação de que vai criar, ou fazer, e a imprecisão te tira. E eu tive essa sensação em alguns momentos durante jogo.
– Em outras situações você cria uma, duas, três e você é efetivo. Futebol te permite isso. Pode-se jogar 10 vezes com o mesmo desempenho e não vai ter o mesmo placar. Hoje, o gol nos pressionou um pouco mais. Lá (no Uruguai), talvez eu possa ter o outro lado da moeda.
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Por que entrar com Alex Sandro e Varela, que são menos agudos?
– Temos dois grandes jogadores na lateral esquerda. Assim como era com Viña, que alternava. Estou tranquilo com qualquer decisão que seja tomada pela qualidade dos dois. Alex Sandro é construtor, com liberdade maior para De la Cruz, mas qualquer um dos dois vai dar uma resposta importante.
Entrada de Léo Ortiz no lugar de De la Cruz foi uma correção por ter colocado o Alcaraz no lugar de Pulgar?
– Ideias. Quando tiro Erick, boto o Alcaraz, que é um jogador mais ofensivo e tem chute de média distância. Nós sabíamos que íamos ter um limite de tempo para o Nico (De la Cruz). Você tem uma ofensividade maior com um finalizador de média distância, que é o Charly (Alcaraz). Essa foi a ideia.
O Flamengo perdeu o jogo no meio-campo, setor em que errou muitos passes?
– Quando você faz um gol, e nós tivemos um número de finalizações grande no segundo tempo, a equipe adversária vem em um bloco médio baixo. Aí os espaços são menores, você vai arriscar mais e, consequentemente, vai errar mais. Lá vai ter que sair mais. A circuntância do jogo também te permite isso. Faltou sintonia e apressamos em alguns momentos. Faltou, sim, uma melhor escolha na tomada de decisão, uma bola de cruzamento. Mas tudo isso em cima dessa retração do adversário e os curtos espaços que eles nos deram.
Falta de compactação no meio e criatividade
– Quando os espaços são menores para criar, vai acontecer mais erros de passes. A busca é de finalizações de média distância, como foi a do Alcaraz, no rebote, em que ela acabou batendo no zagueiro, que seria uma possibilidade real de gol. Ou cruzamentos para que tenha jogadores de área para a finalização, que foi a bola do Bruno Henrique no primeiro tempo. E a do segundo, do corte, em que ele traz para dentro e finaliza.
– Os contra-ataques vão acontecer na medida que você sai, mas aqui (Fabrício) e Léo, no rápido retorno, teve um finalização que o Rossi defendeu no segundo tempo todo. Aconteceu, mas foram neutralizados.
Retranca do Peñarol no jogo da volta
– A gente já conquistou uma série de resultados importantes e essa é uma nova oportunidade para reverter isso fora. Já buscamos na altitude, contra o Palmeiras, contra o Bahia em outra circunstância. Está aí a oportunidade. Gol nós vamos fazer lá, é um adversário que vai ter que sair mais.
Ausência de Pedro
– Em relação ao Pedro, perdemos ele, o Cebolinha, o Viña, o Luiz e o Michael. Perdemos cinco jogadores, um lesão muscular, e outros por trauma. Luiz estava no melhor momento dele no Flamengo, Pedro no melhor momento da carreira, Cebolinha também, e o Viña que alternava momentos importantes. São desafios que temos para buscar a classificação.
Peñarol não perdeu em casa ainda
– Desafio e possibilidade. Desafio nosso de vencermos fora e classificar.
Protestos do torcedor podem atrapalhar?
– Claro que humanamente se sente, mas eu sei respeitar o sentimento do torcedor. Até porque também fui torcedor e queria que meu time vencesse. Mas tenho isso de forma muito tranquila. Não é aqui, todo lugar é assim, e só tem uma forma de reverter. O Campeonato Carioca é insuficiente. Tem que fazer uma campanha e ter um grande título. Pessoalmente dói, mas tem essa experiência toda para direcionar o trabalho. Só tem uma forma, trabalho e resultado.
Fonte: GloboEsporte