Leandro Pinheiro Barros, preso na Bolívia após passar quase um ano foragido pelo assassinato da esposa, Mônica Cavalcante em São José da Tapera, interior de Alagoas, prestou depoimento à Polícia Civil nesta segunda-feira (8) e confessou o crime. Ele negou, porém, que a relação com a vítima fosse violenta e tratou o feminicídio como um “fato isolado”.
Segundo o delegado Diego Nunes, titular da Delegacia de São José da Tapera, Leandro afirmou que, no dia do crime, estava embriagado e atirou em Mônica durante uma discussão após terem brigado em uma festa.
“Ele sempre frisa bem que estava embriagado, que não se lembra dos detalhes. Ele afirmou que estava arrependido. Demonstrou que foi um fato isolado. Alegou que não havia violência no relacionamento entre eles e que teria sido a primeira vez”, disse o delegado.
O depoimento de Leandro contradiz relatos de familiares de Mônica, que afirmaram que todo o relacionamento foi marcado por violência, e também de outras testemunhas, que disseram que era comum Mônica chegar ao trabalho com marcas de agressões provocadas pelo marido.
Ao ser preso na cidade de Santa Cruz de La Sierra, na quinta-feira (4), Leandro já havia confessado o crime, mas o depoimento só foi dado oficlamente nesta tarde, na sede da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco).
Mônica tinha 26 e foi assassinada com cinco tiros em frente ao fórum da cidade no dia 18 de junho de 2023. Ela gravou um vídeo momentos antes do crime no qual relatou agressões e o medo de ser morta pelo marido. O casal tinha dois filhos.
Fuga de carro para a Bolívia
No depoimento à polícia, Leandro afirmou também que, após constatar que havia matado Mônica, fugiu utilizando um dinheiro que tinha guardado e negou ter contado com ajuda de outras pessoas para chegar à Bolívia.
Ao iniciar a fuga, ele foi para Piranhas, no Sertão alagoano, onde abandonou um carro e seguiu para o estado vizinho, Sergipe, e pediu abrigo na casa de um primo.
“O primo disse que não queria ele lá. Diante disso, ele pegou carros com objetivo de chegar na cidade de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. Ele diz em todo momento que não teve ajuda de ninguém e que tinha um dinheiro guardado”, disse o delegado Igor Diego, que também investiga o caso.
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Mônica tinha 26 anos e foi assassinada com 5 tiros — Foto: Arquivo Pessoal
No país boliviano, Leandro Barros levava uma vida pacata, já estava em um outro relacionamento, tinha amigos e era visto frequentando cultos evangélicos.
“Chegou lá, com pouco tempo, ele já começou a se relacionar com uma jovem, que inclusive fazia medicina, tinha 22 anos de idade, mas segundo ele, não sabia que ele tinha cometido esse tipo de fato aqui no Brasil”, afirmou o delegado Igor Diego.
Para despistar a polícia, o fugitivo chegou a mudar o visual e usava documentos falsos. Ele foi preso graças ao trabalho de inteligência da Polícia Civil e a parceria com as Forças Especiais da Polícia Boliviana.
Fonte: G1