Ao longo do último mês o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) intensificou nas redes sociais a campanha para estimular jovens entre 16 e 18 anos a tirar o título de eleitor. Com prazo até 4 de maio, a campanha ainda não obteve o resultado esperado pelo TSE, mesmo com dezenas de influenciadores e artistas participando da mobilização.
Para a ativista de 19 anos Helena Branco, uma das criadoras da campanha #SeuVotoImporta, a falta de motivação pela participação política nas urnas não é porque o jovem está alheio à realidade do país.
“Nós somos a geração que enfrentou uma pandemia enquanto estudava. A maioria teve que começar a trabalhar para ajudar em casa, muitos tiveram familiares doentes. A gente está vendo que o investimento na educação pública caiu e o preço dos alimentos subiu”, diz.
“O que nos move a tirar o título é o poder dos nossos milhões de votos e não a cobrança impositiva de que a gente carrega o peso dos rumos de um país”, resume Helena no episódio # de O Assunto.
Ainda neste episódio, o consultor Maurício Moura, fundador do instituto Ideia, elenca elementos que levam os jovens a votar em qualquer época e lugar do mundo.
“Situações econômicas muito difíceis como desemprego, inflação e perda de renda afetam com muito mais intensidade a juventude. Isso no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos. Essas crises econômicas acabam aproximando o jovem da urna, não necessariamente do engajamento cívico e político.”
Segundo Moura, o jovem não se vê representado na classe política brasileira, independentemente do espectro ideológico, mas ressalta que o público tem uma avaliação negativa do governo Bolsonaro.
“O que atrai o jovem para a urna na polarização é o medo é de um de um [candidato] oponente vencer as eleições.”