Moradores do Residencial Morada das Árvores, no Pinheiro, em Maceió, relataram que sentiram novos tremores de terra nesta sexta-feira (5). A Defesa Civil Municipal confirmou que houve um abalo sísmico de magnitude 1,41, mas no bairro vizinho, o Mutange.
Os dois bairros ficam em uma região que passa por um lento processo de afundamento do solo que abre rachaduras em ruas, prédios e casas. O problema começou em março de 2018, depois de um forte tremor de terra e foi causado por décadas de mineração para extração de sal-gema.
Andrea Guido contou que o fenômeno foi sentido novamente por volta das 11h30 desta sexta. “Minha filha estava no quarto, deitada com as portas fechadas, e viu a TV balançar, a cama também balançou. No grupo do WhatsApp muita gente fez o mesmo relato”.
Por meio de nota, a Defesa Civil disse que “identificou um abalo sísmico que durou 12 segundos e de Magnitude Local (Equivalente a Richter) de 1,41 a uma profundidade de aproximadamente 200 m às 11h23, no bairro do Mutange” (leia na íntegra ao final do texto).
A reportagem questionou se o que os moradores do Pinheiro relatam ter sentido foi reflexo do abalo sísmico no bairro vizinho ou se foram eventos distintos. A Defesa Civil informou que não há essa informação e que a equipe continua fazendo varredura na região.
Após os tremores, Andrea foi na sede Defesa Civil, na mesma rua do residencial, para pedir informações. “Me falaram lá que quatro pessoas já tinham ligado para falar desse tremor”.
Outra moradora do residencial, Lúcia Carvalho disse que sentiu dois tremores em um curto intervalo de tempo. A preocupação é maior porque o imóvel já tem rachaduras. “A gente já vive com medo e ainda acontecer isso. Meu apartamento tem fissuras no quarto, sala, e em outros cômodos”.
O bairro do Pinheiro já foi quase todo desocupado, mas o residencial Morada das Árvores, com 11 blocos e 10 apartamentos em cada um, está localizado em uma área em que não há indicação para realocação.
Desde 2018, cerca de 55 mil pessoas já foram obrigadas a deixar suas residências e seus negócios nos bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol. Eram moradores de imóveis localizados em áreas consideradas de risco e que entraram no programa de compensação financeira da Braskem, empresa responsável pela mineração na região.
“Estamos vendo o perigo e ninguém fazer nada. Quatro apartamentos aqui são de familiares meus. Tem idosos e todos estamos com medo. Mas sem a ajuda financeira, não temos como deixar o conjunto. A Defesa Civil esteve aqui há três meses e falaram que a área é de risco, mas até agora nada foi feito”, lamenta a moradora Lúcia.
Leia a íntegra da nota da Defesa Civil de Maceió:
A Defesa Civil identificou um abalo sísmico que durou 12 segundos e de Magnitude Local (Equivalente a Richter) de 1,41 a uma profundidade de aproximadamente 200m às 11h23, desta sexta-feira (4), no bairro do Mutange. O abalo ocorreu num local, próximo ao prédio histórico do Hospital José Lopes, onde a Braskem está fechando um de seus poços.
O mais importante é que não há nenhum reporte de pessoas feridas.
Estamos em contato com a Braskem para reforçar o monitoramento do local. Equipes de brigadistas da Defesa Civil realizam rondas na região próxima ao local do tremor.
A Defesa Civil manterá a população informada sobre a ocorrência.
Fonte: G1