De volta aos treinos em campo pela primeira vez após a tragédia que vitimou quase toda a delegação da Chapecoense na Colômbia em novembro de 2016, o argentino Alejandro Martinuccio revelou a dificuldade de retomar o cotidiano sem aqueles que eram seus companheiros de trabalho e convivência. Muito emocionado, o atacante admitiu que foi difícil segurar o choro ao correr pelos gramados.
“Ver os armários daqueles que eram meus amigos, com seus números e fotos, derruba meu mundo. Superar a morte de dois ou três companheiros em um grupo deve ser difícil, mas quando quase todos que compartilham os dias com você morrem, é demolidor”, lastimou o meia-atacante de 29 anos.
Neste sábado, logo após a apresentação de Zaballos e Amaral, os jogadores da Chape treinaram pela primeira vez na Arena Condá. Os trabalhos foram acompanhados de perto por diversos torcedores que apoiaram e saudaram o elenco das arquibancadas.
“Hoje, quando entramos no campo para treinarmos, ver toda essa gente realmente me impactou. Corremos cinco minutos e eu fiquei a ponto de chorar mais uma vez. Me aguentei porque o momento era de alegria, esperança, mas não posso me conter sempre. As memórias são pesadas”, revelou o argentino em entrevista ao jornal de seu país La Nación.
Martinuccio foi um dos jogadores que não viajaram com o elenco da Chape para a semifinal da Copa Sul-Americana em Medellin por conta de uma lesão. “A vida segue e preciso ser forte. O que me dar esperança é ver o Neto e o Alan Ruschel. Os encontrei os mesmos que eram, apesar de estarem super machucados. Acredito que isso vai me ajudar e eles podem ser nossa força esse ano. Tudo é muito especial e emotivo agora”, revelou Alejandro.
Para o novo elenco do Furacão do Oeste que deverá se reerguer em 2017, Martinuccio será um dos principais pontos de referência. “Não evito isso. Por um lado, eu gosto, porém, tem toda a confiança em mim. Tentarei demonstrar aos jogadores que estão chegando qual foi o caminho que nos levou até onde estávamos no ano passado, de puro respeito e humildade”, acrescentou.
O argentino também fez questão de exaltar seus antigos companheiros, marcados para sempre na história do futebol. “Por sorte sobraram alguns para contar a história. Talvez se jogássemos a final e não ganhássemos, se esqueceriam daquela equipe. Com isso, todo mundo soube quem eles eram e o que é a Chapecoense: um clube que conseguiu muitíssimas coisas em cinco anos, que paga os salários em dia e que não se distrai com nomes de jogadores impossíveis”, exaltou.
“Cada vez que encontro familiares dos falecidos, os digo que não deixem de contarem a seus filhos, aos mais pequenos, o quão enorme foram seus pais, que passaram a ser lendas”, completou o argentino sobre o já lendário elenco do pequeno, porém gigante time do interior de Santa Catarina que conquistou não só a América do Sul, mas o mundo todo.
Gazeta Esportiva