A Presidência da Câmara é um cargo cobiçado. Segundo nome na escala sucessória do Planalto — no caso atual, primeiro, já que o presidente interino, Michel Temer, era vice-presidente da República —, Rodrigo Maia será o dono de um orçamento de R$ 12,3 bilhões aprovados na Lei Orçamentária de 2016 e com poder de ajudar ou atravancar o governante de plantão. Mas o vencedor da disputa, cuja gestão inicia a partir de hoje, tem um passivo gigantesco: limpar a imagem da Casa, que, pela primeira vez, viu um presidente ser afastado, por unanimidade, pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Não que, tradicionalmente, a imagem do parlamento seja positiva. Mas, nos últimos meses, com o desgaste provocado pela novela envolvendo o ex-presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que renunciou na semana passada, essa vala entre o Legislativo e a opinião pública aprofundou-se ainda mais. E tende a continuar aumentando. Enquanto os deputados defendiam a melhoria da imagem da Câmara, os integrantes da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), remarcavam para as 9h de hoje a sessão para discutir os recursos (leia mais na página 6) contra a cassação de Cunha.
“Precisamos de um nome que devolva a dignidade e a respeitabilidade da Casa, perante os brasileiros e perante nós mesmos”, defendeu o deputado Ricardo Trípoli (PSDB-SP). Por uma questão partidária, ele não quis adiantar em quem votaria. Mas deixou implícito um lamento. “Alguns nomes teriam condições disso. Mas, infelizmente, dificilmente terão chances de chegar lá”, completou, deixando escapar que um desses personagens seria o deputado Esperidião Amin (PP-SC).
Ele também espera que o novo presidente destrave as votações da Câmara, aprovando as medidas do ajuste fiscal já encaminhadas — e as que ainda virão — pelo Planalto. “A Câmara precisa estar afinada com a pauta de mudanças cobrada pela sociedade”, completou Perondi. Parte da agenda começou a andar na noite de terça. Os deputados aprovaram a urgência transferindo diretamente para o plenário a votação dos projetos que alteram as regras de participação da Petrobras na exploração do pré-sal e o que define a renegociação da dívida dos estados.
Correio Braziliense