Em depoimento à Polícia Federal em 2006, o ex-diretor de Planejamento, Engenharia e Construção de Furnas Dimas Toledo afirmou que o senador e presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, “costumava” procurá-lo na estatal para “assuntos envolvendo municípios onde (Aécio) tinha base eleitoral”.
O depoimento de Dimas Toledo foi anexado ao pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encaminhado na semana passada ao Supremo Tribunal Federal (STF), no qual ele considera “imperioso” retomar as investigações contra o tucano por suspeita de recebimento de propinas na estatal elétrica.
O depoimento foi tomado em uma investigação iniciada na época, após as denúncias do delator do mensalão e ex-deputado Roberto Jefferson de que haveria também um esquema de corrupção em Furnas envolvendo Toledo para abastecer partidos políticos, sobretudo o PSDB. O caso deu origem a uma denúncia em 2012 do Ministério Público Federal do Rio, que foi deslocada para a Justiça Estadual.
Por meio de nota, a assessoria de Aécio informou que o depoimento do ex-diretor mostra “a absoluta correção da atuação” do tucano nos contatos feitos com a empresa.
Além disso, Dimas Toledo também foi apontado por delatores da Lava Jato como indicado de Aécio para operacionalizar um suposto esquema de corrupção na estatal nos moldes que vieram a ser implementados na Petrobras. Ele ocupou cargo de direção em Furnas entre 1995 e 2005. No depoimento, Toledo disse que era amigo do pai de Aécio, chamado Aécio Cunha e que era conselheiro de Furnas.
Além dos encontros com Aécio e a amizade com o pai do tucano, Toledo também admitiu em 2006 que sua filha trabalhava para a Bauruense, empresa que prestava serviços para Furnas e está na mira da Procuradoria-Geral da República – ao menos dois delatores da Lava Jato afirmaram que houve pagamento de propinas nos contratos de terceirização de mão de obra da estatal com a Bauruense.
Atualmente, segundo explicou a defesa de Toledo, a filha dele é servidora concursada de Furnas, tendo ingressado na companhia “por vias regulares, sem quaisquer gestões de terceiros ou de seu próprio pai, jamais sendo subordinada à Diretoria de Planejamento, Engenharia e Construção”.
As suspeitas envolvendo a estatal de energia e o tucano deram origem a um inquérito da Procuradoria-Geral da República contra Aécio. Para o procurador-geral Rodrigo Janot, as suspeitas trazidas tanto por Jefferson quanto pelos delatores da Lava Jato tornam “imperioso” investigar o senador.
O caso está sob a relatoria do ministro Gilmar Mendes, que inicialmente havia acatado um recurso da defesa de Aécio e determinado a suspensão do inquérito para que Janot avaliasse os argumentos do tucano. Janot, contudo, manifestou-se novamente pela necessidade da continuidade da investigação, o que foi acatado por Mendes.
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