A disputa é voto a voto na comissão do impeachment na Câmara, aponta levantamento do GLOBO com os 65 integrantes do colegiado, feito entre segunda e terça-feira. A oposição reúne hoje 30 votos a favor do afastamento da presidente Dilma Rousseff e está a três de formar maioria. Precisa, para isso, ganhar adeptos entre os 17 deputados que se declararam indecisos. Outros 18 se manifestaram contra a continuidade do processo. O cenário, porém, é imprevisível, já que ainda faltam orientações partidárias, e posições vêm sendo alteradas com a atuação do governo sobre algumas legendas.
O relatório, que será votado segunda-feira, poderá recomendar o arquivamento ou a continuidade do processo de impeachment. O parecer aprovado pela comissão é uma orientação ao plenário. Seja qual for a decisão da comissão, ela terá de ser submetida à votação por todos os deputados. Ela, no entanto, é um importante termômetro para definição do impeachment na Câmara.
Entre os indecisos estão o presidente da comissão, Rogério Rosso (PSD-DF), e o relator, Jovair Arantes (PTB-GO). Embora os dois tenham se declarado dessa forma, parlamentares do governo e da oposição dão como certo seus votos a favor do impeachment.
Os deputados que declaram seus votos — a favor ou contra — informaram que estão convictos. Ou seja, não mudariam de lado. Entre os indecisos, alguns parlamentares citaram a defesa de Dilma feita pelo ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo, na segunda-feira, na comissão, como importante e demonstraram uma tendência de votar contra o impeachment.
— A defesa de Cardozo deu a quem estava indeciso os elementos para tomar uma decisão e fazer a defesa de sua posição nas bases. Criou o ambiente. Disse que impeachment só em situações extremas. Qual a extrema gravidade das pedaladas, que dano terrível trouxe para a área social, para o cidadão? — disse Valtenir Pereira (PMDB-MT), um dos indecisos.
Boa parte dos que se declaram favoráveis ao impeachment divulga suas opiniões diariamente, seja na comissão ou em discursos no plenário.
— Estou absolutamente convencido. O Cardozo está no papel dele, fez uma defesa apaixonada, mas não mudou um milímetro minha convicção sobre o impeachment. Sou a favor — disse o deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG).
O Globo