O nome dele é Neusvaldo Juvenal Santos, mas no bairro de Mirandópolis, zona sul de São Paulo, ele é conhecido como o “gari poeta”. Com criatividade e simpatia, o escritor já virou figura carimbada na região. Moradores incentivam e gostam do trabalho do autor, que sonha em ver suas obras em prateleiras de grandes livrarias.
Assim como suas publicações, a vida do alagoano é cheia de poesia desde seu nascimento. Quando chegou ao mundo em um sítio no interior do Estado, sua mãe precisou ser ajudada por uma parteira. Lá não havia médicos nem hospitais para fazer o parto.
Quando tinha por volta de oito anos, Neusvaldo começou a se interessar pela poesia ao ouvir os adultos da região recitando e lendo poemas e poesias: “Eu via e achava tudo aquilo muito importante. Achava bonito”.
Aos 19 anos, resolveu ir para São Paulo. O irmão dele, que já trabalhava na cidade grande, foi visitar a família em Alagoas. Lá, perguntou para o jovem Neusvaldo se ele se interessaria pela aventura de mudar de Estado. Ele, buscando uma vida melhor e com mais estabilidade, concordou.
— Deu uma seca lá e ficou dois anos sem chover. Para quem vive de roça fica difícil.
Seu primeiro emprego após sair da terra natal foi em Santo André, na Grande São Paulo, em um restaurante. Durante 10 anos, a rotina dele era difícil, como a de muitos brasileiros: acordar cedo, depender de transporte público e voltar muito tarde para casa.
— Eu trabalhava e chegava duas horas da manhã em casa e era muito perigo à noite.
Foi aí que veio a oportunidade de trabalhar como gari. Segundo ele, a decisão de mudar de profissão surgiu exatamente pelo perigo da cidade grande: “[Trabalhar como gari] é sofrido, mas eu trabalho de manhã e volto para casa cedo”.
R7