As torcidas organizadas Comando Alvirrubro e Mancha Azul apresentaram, nesta segunda-feira (7), um sistema digital de cadastramento de seus membros para os titulares do Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE/AL) e Poder Judiciário no Juizado do Torcedor da Capital. A apresentação se deu durante audiência realizada no 3º Juizado Especial Cível e Criminal da Capital, com a presença do Comando de Policiamento da Capital e a Federação Alagoana de Futebol.
Denominado provisoriamente de “SisTorcida”, o sistema limitará o acesso dos membros da torcida organizada apenas aos cadastrados, que terão um cartão de identificação adaptado a catracas eletrônicas e informações detalhadas de cada um deles, a partir de uma mídia de leitura. O controle dos torcedores ocorrerá em partidas entre CRB, CSA e ASA no estádio Rei Pelé, em Maceió, justamente porque integrantes das torcidas destes clubes costumam promover os atos de violência de maior expressão.
“Trata-se de uma ferramenta digital interessante porque, quando estiver aperfeiçoado, não dará margem para erros no controle de acesso ao estádio. Por meio dele, o poder público terá de imediato informações sobre cada torcedor, inclusive aqueles que respondem a processo e cumprem transação penal. Estes serão bloqueadas pelo sistema automaticamente”, explica a promotora de Justiça Sandra Malta, que é titular do MPE/AL no Juizado do Torcedor da Capital. Ela destacou que o sistema pode significar uma ação pioneira para todo o país no combate à violência no futebol.
Segundo o representante da diretoria da Mancha Azul presente na audiência, José Vanderli Nunes, só a principal torcida organizada do CSA possui cerca de 6.400 torcedores cadastrados. As torcidas facilitarão o cadastro dos seus integrantes e devem participar do custeio referente à implantação do sistema de controle. Diante das necessidades para efetivação da ferramenta digital, os grêmios recreativos dos principais clubes do estado só poderão voltar a acompanhar os clássicos no campeonato alagoano do próximo ano.
Vistoria das catracas
Na quarta-feira, às 9h, a promotora de Justiça, os juízes Celyrio Adamastor Tenório e Kleber Borba e policiais militares visitarão o estádio para saber como se encontram as catracas, se elas são compatíveis ao sistema e o que seria necessário para adaptá-las. Segundo o capitão da Polícia Militar, Marcelo Carnaúba, as catracas foram adquiridas junto a um fornecedor da Inglaterra há mais de seis anos e, desde então, encontram-se inutilizadas.
“As torcidas organizadas nos trazem problemas não só dentro do estádio, mas também fora dele. Com a audiência de hoje, caminhamos para uma solução viável, uma vez que o torcedor acostumado com a prática de delito passará por um disciplinamento da Justiça, enquanto os verdadeiros torcedores poderão assistir aos jogos tranquilamente ao lado da sua família”, disse o representante do Comando do Policiamento da Capital.
A idealização do sistema resulta de uma determinação do desembargador Tutmés Airan, após o Ministério Público do Estado de Alagoas ajuizar uma ação civil pública em defesa dos consumidores prejudicados com a violência recorrente nos estádios de futebol. O procedimento foi de iniciativa do promotor de Justiça Max Martins, da Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor da Capital, com o objetivo de regulamentar as torcidas organizada há alguns anos.