A Polícia Federal realiza na manhã desta quinta-feira a 6ª fase da Operação Zelotes. Os agentes cumprem 18 mandados de busca e apreensão nos endereços do Grupo Gerdau no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Rio Grande do Sul e Pernambuco. Também são cumpridos outros 20 mandados de busca coercitiva, sendo um deles contra o presidente da empresa, Jorge Johannpeter Gerdau, ex-integrante do Conselhão de Dilma, movimento de empresários que auxiliam o governo federal. A PF chegou a informar, mais cedo, que ele seria levado a depor, mas corrigiu a informação.
Outras duas pessoas já presas no Complexo da Papuda estão sendo ouvidas pelas autoridades. A empresa siderúrgica é suspeita de envolvimento de fraudes no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), e teria, segundo as investigações tentando interferir no pagamento de multas em torno de R$ 1,5 bilhão em processos que tramitam no Carf.
Em março do ano pasado, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal descobriram indícios de que um simples pedido de vista de um processo de empresa ou banco no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), do Ministério da Fazenda, poderia ser vendido por R$ 50 mil. Os sinais da negociata foram descobertos nas investigações da Zelotes, que apura fraudes nos processos do Conselho. Por meio do suborno de conselheiros, empresas e bancos conseguiram redução ou até mesmo eliminação de dívidas relacionadas à sonegação de impostos.
As investigações do ano passado levantaram suspeita de pagamento de propina em tratativas de representantes do Grupo Gerdau para reduzir dívidas no Carf, conforme revelou O GLOBO. Empresas do grupo têm sete processos no Carf. Em cinco deles, as dívidas sobre impostos que não teriam sido pagos são da ordem de R$ 4,5 bilhões.
À época, o Grupo Gerdau reenviou ao jornal sua resposta: “A Gerdau esclarece que, até o momento, não foi contatada por nenhuma autoridade pública a respeito da Operação Zelotes. Também reitera que possui rigorosos padrões éticos na condução de seus pleitos junto aos órgãos públicos”.
Entre os investigados estão empresas do Grupo Gerdau, conforme revelou O GLOBO, e o Banco Safra. Também estão na lista de investigados o ex-secretário da Receita Federal e ex-presidente do Carf Otacílio Cartaxo, o genro dele Leonardo Manzan (ex-conselheiro) e o conselheiro Francisco Maurício Rebelo Albuquerque, pai do deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), líder do PP na Câmara. O ex-presidente do Carf Edson Rodrigues também aparece entre os investigados. Ao todo, um conselheiro e nove ex-conselheiros são suspeitos de envolvimentos com a maior fraude fiscal já descoberta no país.
O Globo