Por Adriano Oliveira – Doutor em Ciência Política. Professor da Universidade Federal de Pernambuco. Sócio da www.cenariointeligencia.com.br
A análise política não pode desprezar as pesquisas de opinião pública. Tanto as pesquisas qualitativas como quantitativas. São as pesquisas de opinião que revelam os sentimentos e os desejos dos eleitores. Elas não podem, porém, ser interpretadas como definitivas. Pois eleitores são inquietos e são provocados. Por consequência, eles podem mudar de opinião.
Quando o pesquisador decide realizar pesquisas de opinião, ele é obrigado a construir problemas e hipóteses. Por exemplo: Os eleitores tendem a desejar o impedimento de presidentes acusados de corrupção? Este é o problema. Neste caso, a hipótese é: eleitores tendem a vitimizar presidentes acusados de corrupção quando as acusações são percebidas como inverídicas.
Tanto o problema como a hipótese foram verificados por mim em diversas pesquisas de opinião qualitativas. Por diversas vezes, percebi que os eleitores tinham profunda raiva de Dilma, pois com ela o Brasil parou. Por outro lado, observei indícios de que os eleitores não reconheciam a presidente Dilma como responsável pelos atos de corrupção praticados por diversos atores e partidos nas eras Lula e Dilma. Com o passar do tempo, constatei que a presidente era a “madrasta honesta” que substituiu o “pai dos brasileiros”, no caso, o ex-presidente Lula. Diante desta percepção, observei que a vitimização da presidente Dilma é hipótese factível.
Pesquisa realizada pelo Datafolha divulgada recentemente, revelou que 60% dos brasileiros consideram que foi no governo Dilma que mais existiram atos de corrupção. Entretanto, 48% afirmam que os atos de corrupção foram mais combatidos na era Dilma. Estes dados sugerem que as denúncias de corrupção afetam negativamente e positivamente o governo Dilma. E mostram que a presidente Dilma, caso não sofra o impeachment, poderá findar o mandato como a presidente que mais combateu a corrupção no Brasil – Hipótese.
Os atores da oposição precisam ficam atentos as seguintes possibilidades:
1) Dilma poderá ser vitimizada, pois até o instante, nenhuma denúncia de corrupção a atingiu;
2) A vitimização atrelada a “fama” de mulher honesta que combate a corrupção poderá lhe trazer dividendos eleitorais em 2018. E se tal fama vier acompanhada da recuperação econômica, Dilma poderá ser uma grande eleitora na vindoura disputa presidencial.