O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, substituirá Joaquim Levy no comando do Ministério da Fazenda, fontes do Palácio do Planalto confirmaram ao GLOBO. Barbosa, que estava no Rio na manhã de hoje, foi convocado pela presidente Dilma Rousseff para retornar a Brasília esta tarde. Quem substituirá Barbosa na pasta do Planejamento é Valdir Simão, atual ministro da CGU. O Planalto divulgou nota confirmando os novos nomes. A cerimônia de posse de ambos será na segunda-feira, no Palácio do governo.
Em coletiva de imprensa após a confirmação, Barbosa afirmou que o governo tem adotado medidas de gestão para otimizar o gasto público e alcançar a estabilidade fiscal. Ele disse que o compromisso com a estabilidade fiscal se mantém.
— Hoje nosso maior desafio é o desafio fiscal. A solução depende somente do Estado brasileiro. Os três poderes que formam o governo federal têm todas as condições de solucionar a situação — disse o novo ministro da Fazenda. — Nosso desafio agora é continuar no processo de estabilidade fiscal e, ao mesmo tempo, promover uma estabilização e posterior recuperação do investimento da economia brasileira — declarou.
Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do Banco BradescoBradesco espera que Barbosa “afine” discurso com governo
O ex-ministro da Fazenda, Maílson da NóbregaPara Mailson da Nóbrega, Barbosa terá que ‘construir nova narrativa’
Barbosa fez várias referências a Levy, dando a ideia de continuidade de sua política. Ele falou, por exemplo, de medidas institucionais para melhorar o ambiente de negócios do Brasil, “agenda que o ministro Levy já vinha tocando”. Ele garantiu que não mexerá na meta de superávit primário de 0,5% do PIB para o ano que vem, adotando todas as medidas necessárias para atingi-la.
— O governo propôs a meta de 0,5%. Para mim essa é uma questão fechada, decidida, a meta é de 0,5% — disse.
REFORMAS À FRENTE
O ministro também prometeu levar adiante reformas estruturantes, como a tributária e a da Previdência. E reafirmou o compromisso do governo de tentar aprovar no Congresso a DRU (Desvinculação de Receitas da União) e na recriação da CPMF. Barbosa disse que manterá o câmbio flutuante e foco no controle das despesas.
— Com foco na despesa, no controle das despesas, nós vamos conseguir produzir os resultados primários necessários para estabilizar a dívida pública e depois reduzir a dívida pública. Com essa estabilização fiscal nós vamos de um lado ajudar o combate a inflação e nós vamos também acelerar a recuperação do crescimento — disse.
Segundo ele, o esforço para conter a inflação está em andamento e espera-se que ela comece a cair no ano que vem “de modo a começar a melhorar o poder de compra da família brasileira”.
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em café da manhã com jornalistas no Ministério da Fazenda, em Brasília
Levy diz que não quer causar constrangimentos ao governo
— Estamos também empenhados na redução da inflação. O Banco Central vem adotando medidas necessárias.
Ele falou sobre a depreciação do real frente ao dólar e sustentou que “essa desvalorização tem impacto temporário sobre a inflação, mas também promove o aumento da competitividade das exportações brasileiras”. A respeito da balança comercial, ele afirmou que o ano que vem deve iniciar acima do esperado:
— Nosso saldo comercial este ano deve ficar acima de US$ 15 bilhões, um valor acima do que se esperava no inicio do ano, ou seja o comércio exterior já está contribuindo pra a recuperação da economia brasileira.
Sobre a reação negativa do mercado à sua indicação, Barbosa disse que oscilações são naturais, mas que à medida que ficar claro que as medidas adotadas pela nova equipe econômica são as mesmas que às que a gestão anterior já vinha adotando, a situação tende a se estabilizar.
Quando perguntado se são esperadas mudanças na condução da economia, respondeu:
— Estamos aqui não para aprovar teses ou refutar teses. Estamos focados em resolver os problemas do presente para construir um futuro melhor — defendeu.
O Globo