Aos gritos de “não vei ter golpe” e “fora Cunha”, a presidente Dilma Rousseff fez mais uma defesa veemente de seu mandato na noite desta segunda-feira e usou os programas sociais para justificar as chamadas “pedaladas fiscais”, que embasam o pedido de impeachment. Ao discursar na 10ª Conferência Nacional de Assistência Social, Dilma afirmou que o processo aberto contra ela na semana passada é um “atalho” para aqueles que querem chegar à Presidência sem o voto popular.
– Uma parte do que me acusam é de ter pago o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida. Uma parte do que me acusam é isso. Paguei sim, mas nós pagamos com dinheiro do povo brasileiro. Não foi empréstimo que pagou o Minha Casa Minha Vida foi o dinheiro legitimo dos tributos pagos pelo povo desse país.
Embora tenha sido recebida em clima de comício, com a plateia balançando camisas do PT e faixas com o nome da presidente, vaias isoladas foram ouvidas quando ela subiu ao palco. Sem citar nomes, Dilma acusou adversários de tentarem tomar o seu lugar sem o respaldo da população:
– Na semana passada, vocês sabem, deram início a um pedido de impedimento do meu segundo mandato. Não há nenhuma justificativa para que isso ocorra. Exceto aqueles que acham que tem um atalho para chegar à Presidência da República que não é o voto popular.
Desde que o pedido de impeachment foi impetrado na Câmara, na semana passada, Dilma tem procurado demonstrar tranquilidade e confiança nas suas aparições públicas. Não foi diferente durante o evento, quando ela voltou a pedir a unidade para que o país volte a crescer:
– Há um pequeno grupo que acha que quanto pior melhor é o melhor caminho. Quanto pior para nós é o melhor para eles. Mas nós temos força suficiente para lutar contra isso. Eu tenho certeza que nós vamos unificar o país. O Brasil unificado é mais forte que tudo. Mas nós só conseguimos unificar nosso país dentro da democracia, da legalidade, do Estado de direito. Os golpes não constroem o necessário. Geralmente, os golpes constroem é o caos.
Ao final do discurso, a presidente também pediu aos participantes da conferência que ajudem no combate ao zika vírus, que é transmitido pelo mosquito Aedes Aegypti e foi associado ao surto de microcefalia no país.
– Vocês serão o Exército – disse. – Não é possível deixar água parada em nenhum local, porque aumenta a contaminação. Eu conto com vocês para a gente enfrentar esse problema de saúde pública.
O Globo