O presidente nacional do PT, Rui Falcão, divulgou nota nesta quarta-feira (25) na qual afirmou estar perplexo com os fatos que levaram à prisão do líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS). Para Falcão, os fatos atribuídos ao senador não têm relação com o partido e, por isso, o PT não se vê obrigado a qualquer “gesto de solidariedade” a Delcídio.
Delcídio foi preso pela PF no início da manhã em um hotel de Brasília, segundo os investigadores da operação, por tentar atrapalhar as apurações.
Conforme o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, a Procuradoria-Geral da República afirmou, em documento enviado à corte, que o parlamentar ofereceu R$ 50 mil mensais ao ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró para que ele não fechasse acordo de delação premiada ou, se o fizesse, não citasse o parlamentar. Além disso, forneceu opção de rota de fuga para Cerveró ir para a Espanha pelo Paraguai.
“Nenhuma das tratativas atribuídas ao senador têm qualquer relação com sua atividade partidária, seja como parlamentar ou como simples filiado. Por isso mesmo, o PT não se julga obrigado a qualquer gesto de solidariedade”, afirmou o PT na nota.
Pouco antes do partido divulgar o comunicado à imprensa, a defesa do senador também divulgou nota, na qual manifestou “inconformismo” com a decisão do Supremo Tribunal Federal de determinar a prisão do senador.
Na mesma nota, o advogado do parlamentar, Maurício Silva Leite, afirmou ter “convicção” de que a decisão será revista.
Ainda na nota divulgada à imprensa, Rui Falcão afirmou que convocará “em curto espaço de tempo” reunião da Comissão Executiva Nacional para adotar as medidas que a direção da legenda julgar “cabíveis” em relação ao senador – na nota, o presidente do PT não diz quando ocorrerá essa reunião.
Repercussão no Planalto
Após a prisão de Delcídio do Amaral, a cúpula do governo realizou diversas reuniões no Palácio do Planalto.
Os ministros Jaques Wagner (Casa Civil), Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), Edinho Silva (Comunicação Social) e o assessor especial da presidente Dilma Rousseff Giles Azevedo, que formam a cúpula do governo, se encontraram para fazer uma avaliação da situação política do senador petista. Após essa reunião, Dilma chamou Jaques Wagner ao Palácio da Alvorada.
Pela manhã, a presidente chegou a fechar um evento do qual participaria no Palácio do Planalto e o transferiu do Salão Nobre, onde jornalistas e convidados podem acompanhar a cerimônia, para o gabinete dela no terceiro andar do palácio e somente a emissora oficial do governo foi autorizada a fazer imagens – Dilma recebeu a seleção feminina de handebol.
Durante a tarde, a Secretaria de Governo, responsável pela articulação política do Palácio do Planalto, informou que o novo líder no Senado será anunciado na próxima semana e que, neste período, os quatro vice-líderes na Casa responderão interinamente pela liderança.
Leia a nota do presidente do PT na íntegra:
O presidente Nacional do PT, perplexo com os fatos que ensejaram a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de ordenar a prisão do Senador Delcídio do Amaral, tem a dizer o seguinte:
1- Nenhuma das tratativas atribuídas ao senador têm qualquer relação com sua atividade partidária, seja como parlamentar ou como simples filiado;
2- Por isso mesmo, o PT não se julga obrigado a qualquer gesto de solidariedade;
3- A presidência do PT estará convocando, em curto espaço de tempo, reunião da Comissão Executiva Nacional para adotar medidas que a direção partidária julgar cabíveis.
Brasília, 25 de novembro de 2015
Rui Falcão
Presidente Nacional do PT
Por G1