O Brasil teve o maior crescimento proporcional em investimento na educação pública entre mais de 30 países, mas perdeu em outros indicadores e no gasto médio por aluno, segundo dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgados na manhã desta terça-feira (24).
Apesar do investimento público total ser alto, proporcionalmente, em relação aos outros países, o gasto brasileiro anual por aluno da educação básica ainda é baixo, na comparação. O Brasil gastou cerca de 3.000 dólares anuais por aluno da educação básica, enquanto, em média, os países da OCDE investem cerca de 8.200 dólares por aluno dos anos iniciais, 9.600 por aluno dos anos finais e 9.800 por aluno do ensino médio.
Os dados foram incluídos na última edição do estudo “Education at a Glance” (“Um olhar sobre a educação”, na tradução livre do inglês), que compara, no cenário internacional, dados de 2012 e 2013 do sistema educacional dos 34 países membros da OCDE. Assim como a Rússia, o Brasil não integra a OCDE, mas compõe o relatório.
O estudo aponta que no Brasil, em 2012, 17,2% do investimento público total foi destinado para a educação, em 2005, esse percentual foi de 13,3%. Entre os países analisados em 2012, apenas México e Nova Zelândia dedicaram maior proporção do que o Brasil.
Em 2012, o investimento em educação básica no Brasil foi da ordem de 4,7% do PIB, enquanto a média OCDE é de 3,7%. Em relação a 2005, o investimento por aluno da educação básica no Brasil cresceu 210%, enquanto na média da OCDE esse crescimento foi de 121%.
“O Brasil está gastando quase 20% em educação ao ano, é o terceiro país que mais gasta. Não temos a ideia do esforço que fazemos. Quando vemos esse dado na comparação internacional, mostra como mudamos de 2000 para cá. Mais do que em termos reais o que gastamos em educação básica, mas era necessário porque gastávamos muito pouco”, afirma o presidente do Inep, Chico Soares, em entrevista ao G1.
Geração ‘nem-nem’
Se o Brasil supera os demais países no quesito investimento em educação, se assemelha aos vizinhos latino-americanos e perde na média dos países da OCDE quando somam-se os jovens com idades entre 15 e 29 anos que não estudam nem trabalham. A geração ‘nem-nem’, como é chamada, atingia mais de 20% dos brasileiros em 2013.
Esse índice é semelhante aos de outros países latino-americanos como Chile (19%), Colômbia (21%) e Costa Rica (19%), mas está acima da média OCDE, de 16%.
Entre os países analisados, o Brasil (76%) apresenta o maior percentual de jovens de 20 a 24 anos de idade que não está estudando. No entanto, nessa mesma faixa etária, 52% dos jovens estão empregados, sendo essa também a maior proporção observada entre os países.
“Só lamentamos esse dado. As nossas taxas de abandono da escola são altas, e todo o planejamento é para tornar o ensino médio mais útil. É nesse sentido que o Plano Nacional de Educação sinaliza. O pouco sucesso no ensino médio pode ser atribuído ao fato de não oferecemos o que muitos jovens querem”, diz Chico Soares.
No Amapá (29%) e Alagoas (30%) o percentual de jovens de 15 a 19 anos que não trabalha nem estuda é próximo ao da Grécia (28%), enquanto em Santa Catarina (12%) e Rio Grande do Sul (14%) apresentam percentuais similares aos de países como Austrália (13%) e Reino Unido (14%).
Avanços
Apesar de ter diminuído o índice de adultos, com idades entre 25 e 34 anos, que não concluíram o ensino médio, o Brasil ainda está no grupo que possui as piores taxas nessa modalidade.
China, Indonésia, México, Turquia, Costa Rica e Brasil apresentam, nessa ordem, os maiores percentuais de jovens e adultos que não têm o ensino médio completo.
Comparadas as pessoas de 55 a 64 anos de idade no Brasil, a proporção de não concluintes de ensino médio é de 72% nessa faixa etária e de 39% entre aqueles de 25 a 34 anos.
Entre os países analisados, Coréia do Sul, Rússia, República Tcheca e Polônia são os que apresentam a menor proporção de jovens que não possuem o diploma do ensino médio.
O Brasil também está, ao lado do Canadá, entre os países que têm o menor percentual de concluintes do ensino médio que cursaram educação profissional, com menos de 5% em relação ao total de concluintes do ensino médio. Na média dos países da OCDE, 46% dos jovens concluintes do ensino médio tem formação profissional.
Mais estudo, maior renda
O levantamento da OCDE também aponta que, no Brasil, quem possui um diploma de nível superior tem em média renda 152% maior que aqueles com somente um diploma de ensino médio. O Brasil e o Chile são os países que apresentam a maior diferença de renda média entre a população com educação de nível superior em relação aos que possuem nível médio.
G1