Devido às turbulências que atravessam o setor elétrico e com negócios sob investigação na Operação Lava-Jato, a Eletrobras vai concentrar e encolher suas atividades em setores onde o governo considera a presença estatal estratégica: as grandes hidrelétricas e linhas de transmissão. E parece que a Companhia Energética de Alagoas (Ceal) não faz mais parte dos planos do grupo.

Ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga
O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, já recebeu da consultoria Roland Berger levantamento dos ativos que poderiam ser colocados à venda. Participações da Eletrobras e suas subsidiárias estão no radar. “Temos 154 Sociedades de Propósito Específico embaixo da Eletrobras. A nossa meta é fazer um grande enxugamento nisso”, disse o ministro durante entrevista ao site Globo.com na última quarta-feira, 30 de setembro.
Além dessas participações, a Eletrobras planeja se desfazer das distribuidoras de energia nos estados, ou pelo menos de parte desses ativos. Entre elas estaria a Ceal. No entanto, a primeira a ser vendida é a Celg, de Goiás, onde a estatal tem 51% de participação. A companhia tem valor de mercado estimado em R$ 8 bilhões.
Também na fila estão outras cinco distribuidoras: Cepisa, do Piauí; Eletrobras Amazonas; Ceron, de Rondônia; Eletroacre, do Acre; e Bovesa, de Roraima. Ainda estão na lista a CEA, do Amapá; e a CERR, de Roraima, onde a Eletrobras tem apenas participação.
Segundo a assessoria de imprensa da Eletrobrás, em Alagoas, a decisão se encontra a nível ministerial e a concessionária não foi informada sobre quaisquer mudanças.
Problema seria má gestão
De acordo com o coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Nivalde de Castro, “o Brasil está à venda”. “O grande problema dessas distribuidoras é má gestão da Eletrobras, que sofre com indicações políticas. Mas são empresas interessantes com um grande mercado e que vão dar retorno a seus investidores”, destacou.
A estratégia do governo é começar a se desfazer dos ativos da Eletrobras menores, como usinas eólicas, pequenas hidrelétricas e linhas de transmissão curtas. Isso porque são considerados ativos mais líquidos e com demanda garantida, conforme revelaram leilões recentes, segundo uma fonte do governo. (Com Globo.com)
Por José Fernando Martins