Os resultados do primeiro turno das eleições municipais deixaram o PSDB próximo de atingir um recorde histórico e se tornar o partido com o maior eleitorado governado nas prefeituras do país. Com as vitórias de anteontem — em 792 municípios, entre eles São Paulo —, a sigla já sabe que terá 26,8 milhões de eleitores sob sua influência a partir de 1º de janeiro de 2017. Nas últimas quatro eleições, a maior concentração de eleitores sob uma mesma legenda ocorreu em 2008, quando o PMDB conquistou cidades com 28,5 milhões de eleitores.
Para ultrapassar a marca, o PSDB precisa de vitórias em municípios que, somados, concentrem ao menos 1,7 milhão de eleitores. A meta não parece distante. Os tucanos disputarão, no fim do mês, o segundo turno em 19 cidades, sendo oito capitais — em seis delas, seus candidatos foram os mais votados no primeiro turno.
PSDB: 11 MILHÕES EM DISPUTA
Em Manaus, por exemplo, o partido liderou a disputa no 1º turno com Artur Virgílio Neto, que obteve 35% dos votos. O eleitorado da capital do Amazonas é de 1,2 milhão. Em Belo Horizonte, João Leite recebeu 33% dos votos. A capital mineira tem 1,9 milhão de eleitores. O PSDB concorre ainda em Porto Alegre, Belém, Maceió, Campo Grande, Cuiabá e Porto Velho.
Ao todo, os 55 municípios brasileiros que vão escolher seus prefeitos no segundo turno concentram um eleitorado de 32 milhões de pessoas. O PSDB disputa 11 milhões — número maior que qualquer outra legenda. O PMDB, por exemplo, ainda concorre em dez cidades, que reúnem seis milhões de eleitores.
Os peemedebistas lutam para não perder ainda mais domínio nas prefeituras do país. O primeiro turno deu 1.028 municípios ao partido, treze a mais que em 2012, mas o eleitorado total caiu. Eram 22 milhões há quatro anos. Agora, a sigla tem confirmados 17 milhões de eleitores sob sua gestão. Mesmo que vença todas as disputas em segundo turno, a legenda terá um teto de 23 milhões de eleitores sob sua influência.
— O resultado do PSDB surpreende, porque o partido mostrou ter capilaridade. O desempenho no estado de São Paulo desequilibra a seu favor. O partido conquistou a capital e municípios com densidade demográfica — explica o cientista político Paulo Baía, da UFRJ. — O PSDB manteve, ao longo dos anos, um campo definido e minoritário na polarização com o PT. Teve uma posição clara e definida. O mesmo aconteceu em relação à crise política provocada pela cassação de Eduardo Cunha. Passou por períodos de turbulência sem ser tão afetado como os demais. Ao mesmo tempo, as citações a tucanos na Lava-Jato ainda são periféricas, ao contrário dos demais partidos. E, embora seja aliado ao governo Temer, não é o PMDB, seu principal concorrente nas prefeituras.
O terceiro partido com maior eleitores conquistados é o PSB, que venceu 414 prefeituras e somou, até agora, 9,3 milhões de eleitores. Mas o partido não manterá o patamar atual de 15 milhões, mesmo que vença as nove cidades em que ainda disputará o segundo turno.
Enquanto PMDB, PSB e PT demonstraram uma tendência de queda no seu eleitorado, outras siglas parecem ter estagnado. DEM e PSD tiveram ligeiras evoluções no quadro geral, com 6,9 e 8,8 milhões de eleitores sob influência, respectivamente. No entanto, a configuração das disputas no segundo turno não indica que eles vão avançar mais do que 1 milhão de eleitores.
— A agenda pública do país, no momento, tem um caráter econômico mais liberal, e ela foi introduzida pelo PSDB. É um partido que fala disso com convicção, porque sempre esteve próximo a essa agenda. O PMDB tenta se aproximar dela através dos ajustes promovidos por Temer, mas é um partido que, assim como o PT, sofreu muito desgaste com a Operação Lava-Jato — avalia o cientista político Marcus Ianoni, da Universidade Federal Fluminense (UFF).
O Globo