Em uma nova fase do processo que se inicia nesta terça-feira (9) considerada a “prévia” do impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, o governo do presidente em exercício, Michel Temer, e a petista lutam por apoios para o julgamento decisivo, previsto para ocorrer no final deste mês. Enquanto aliados do peemedebista buscam consolidar a maioria que levou ao afastamento de Dilma em maio, os defensores de Dilma trabalham para conquistar apoio de um grupo de senadores que, ao menos publicamente, disse não ter se decidido pela condenação ou absolvição dela.
O foco das atenções, na sessão da sentença de pronúncia prevista para começar às 9h desta terça-feira, sob o comando do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Lewandowski, são os 20 votos, de acordo com o Placar do Impeachment, publicado pelo Grupo Estado, que ainda constam como indecisos ou não quiser revelar seu voto no julgamento de Dilma.
Aliados de Dilma já admitem, reservadamente, que não contam com votos suficientes para impedir a aprovação da pronúncia, quando o Senado dirá que o processo por crime de responsabilidade contra a presidente afastada é válido. Para essa votação, basta a maioria simples de votos, desde que ao menos 41 dos 81 senadores tenham registrado presença.
Contudo, a “prévia” do julgamento poderá dar uma indicação sobre o julgamento definitivo de Dilma, quando são necessários ao menos 54 dos 81 votos dos senadores (dois terços do total). Pelo última atualização do Placar do Impeachment, nenhum dos dois lados tem votos suficientes para garantir uma vitória na próxima decisão – ao todo 43 senadores se dizem a favor do impedimento da petista (11 a menos que o mínimo) e outros 18 afirmam ser contra (10 a menos de se garantir uma absolvição certa dela).
Em maio, Dilma foi afastada temporariamente do cargo por uma votação que, se repetida futuramente, levaria à condenação dela: 55 favoráveis e 22 contrários. Entretanto, vários senadores ressalvaram na ocasião que votariam para retirá-la momentaneamente do cargo, mas que isso não era indicativo de condenação dela. Dos dois lados, o assédio recai agora sobre senadores como Wellington Fagundes (PR-MT), Acir Gurgacz (PDT-RO), Romário (PSB-RJ) e Otto Alencar (PSD-BA).
Ainda assim, Temer e aliados estão confiantes no resultado. A aposta do governo é tentar chegar a 60 votos contra Dilma. Para tanto, o presidente em exercício, em quase três meses, distribuiu cargos do primeiro e segundo escalão, convocou senadores para discutir projetos e liberação de recursos para obras em seus respectivos Estados e ainda passou a contar com o apoio do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), outrora desafeto histórico de Temer e resistente ao impeachment de Dilma que, no entanto, passou a chancelar o governo do interino.
Estadão