“Aqui não existe ninguém imparcial no âmbito político”. Com essa declaração contundente, o deputado Alfredo Gaspar (União-AL), relator da recém-instalada CPMI do INSS, definiu o tom dos trabalhos da comissão.
A fala ocorreu durante a primeira sessão, em resposta a críticas da imprensa e de parlamentares de esquerda que questionavam sua capacidade de conduzir a investigação de forma isenta.
Confesso que, para quem acompanha a política à distância, a ideia de um relator que admite abertamente suas preferências políticas pode parecer estranha. No entanto, o que os bastidores de Brasília confirmam é que a verdadeira imparcialidade em uma Comissão Parlamentar de Inquérito não reside na ausência de ideologia, mas na condução técnica e justa do processo.
Neste artigo, vamos analisar o discurso de Gaspar, explicar o seu compromisso com a investigação e mostrar como ele pretende equilibrar suas convicções políticas com a busca pela verdade sobre as fraudes no INSS.
A Defesa da Posição Política e o Compromisso com a Verdade
Desde que foi escolhido para a relatoria, uma vitória articulada pela oposição, Alfredo Gaspar se tornou alvo de críticas. Sua resposta foi direta e sem rodeios, buscando separar a identidade ideológica da função técnica.
“Vi, nesses últimos dias, que ‘o Relator é de direita’. Sou de direita com muito orgulho. Tenho uma história limpa, uma história decente e de trabalho pela justiça”, afirmou o deputado.
Ele argumentou que todos no Congresso possuem preferências políticas, e que a questão central não é essa. Para Gaspar, o critério de avaliação será se as divergências ideológicas irão interferir na busca da verdade. “O que nós vamos medir é se as nossas preferências políticas […] irão atrapalhar no que interessa: a busca da verdade, diante dos fatos e dos documentos”, complementou.
Na nossa prática de análise política, notamos que esse tipo de discurso busca estabelecer credibilidade ao reconhecer uma realidade (a partidarização) e, ao mesmo tempo, firmar um compromisso público com a imparcialidade processual, um conceito fundamental no direito, como explicado por juristas do portal Conjur.
A experiência como promotor e o roteiro de trabalho
Para reforçar sua capacidade técnica, Gaspar invocou seus 24 anos de experiência como promotor de justiça. Ele usou essa bagagem para justificar a metodologia que pretende aplicar na CPMI do INSS.
Eu sei o que você deve estar pensando: “Mas ele não vai investigar o governo anterior?”. Gaspar abordou isso diretamente, afirmando que seu compromisso com um trabalho sério é “muito maior do que qualquer preferência política”.
Ele citou como exemplo um requerimento que fez para convocar o irmão do ex-presidente Lula, mostrando que não haverá blindagem, mas que tudo seguirá um rito processual.
“Os senhores não terão no relatório de trabalho uma flecha apontada para quem quer que seja. Esse relatório de trabalho busca tão somente que nós tenhamos liberdade para investigar”, garantiu.
Implacabilidade contra o crime, independente de Governo
A promessa final do relator foi a de uma investigação dura, focada nos crimes cometidos, sem se importar com a filiação partidária dos envolvidos.
“Da minha parte, eu não jogarei a minha história construída com muita luta e o único patrimônio que tenho – a honra – para proteger quem quer que seja. Portanto, serei duro e implacável com todos aqueles que cometeram crime, independente de qual Governo tenham participado”, concluiu Gaspar.
Essa declaração serve para acalmar os ânimos e estabelecer um pacto de confiança, sinalizando que os trabalhos da comissão se pautarão por fatos e documentos, e não por uma caça às bruxas ideológica.
Um Início de CPMI com Tom Firme
O discurso do deputado Alfredo Gaspar na abertura dos trabalhos da CPMI do INSS estabelece uma base de atuação firme. Ao admitir sua posição de direita mas prometer uma investigação técnica e implacável, ele busca legitimar sua função e acalmar as críticas de parcialidade.
Principais insights para levar consigo:
- O relator Alfredo Gaspar se declarou “de direita com muito orgulho”, mas separou sua ideologia da função técnica.
- Ele prometeu uma investigação baseada em fatos e documentos, comprometendo-se a ser “implacável com todos que cometeram crime”.
- Gaspar usou sua experiência de 24 anos como promotor para reforçar sua capacidade de conduzir os trabalhos de forma séria.
Agora, a expectativa se volta para os próximos passos da comissão, que promete ser um dos principais palcos de embate político em Brasília.
Você acredita que é possível um político conduzir uma investigação de forma imparcial, mesmo tendo um lado definido? Deixe sua opinião nos comentários.
Fonte: folhadapolitica.com