O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou novas medidas de controle sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro, que se encontra em prisão domiciliar desde o início de agosto. A decisão ampliou a vigilância da Polícia Federal, que agora deve manter monitoramento permanente nas imediações da residência do ex-chefe do Executivo. A medida foi justificada pela avaliação de que o risco de fuga se tornou mais elevado e que a tornozeleira eletrônica, sozinha, não garante a eficácia do acompanhamento.
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O reforço da fiscalização não autoriza a entrada de agentes na casa, mas exige presença constante nos arredores, com operações discretas para evitar exposição pública. A orientação é que o trabalho policial seja contínuo, sem causar transtornos à vizinhança. Paralelamente, Moraes solicitou manifestação da Procuradoria-Geral da República sobre a possibilidade de aceitar a sugestão da Polícia Federal de instalar agentes no interior do imóvel, hipótese ainda em análise.
A decisão ocorre às vésperas do julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, previsto para setembro. Para investigadores, esse calendário aumenta o risco de evasão, sobretudo após a descoberta de um rascunho de carta em que o ex-presidente cogitava pedir asilo político na Argentina. A defesa afirma que o documento não representa intenção real, mas o episódio reforçou a desconfiança de que Bolsonaro poderia buscar saída do país.
As preocupações também se ampliaram diante de suspeitas de articulações políticas envolvendo o núcleo familiar do ex-presidente, principalmente com a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro. Autoridades avaliam que manobras políticas em paralelo ao processo judicial poderiam comprometer a efetividade das medidas e colocar em xeque a própria estabilidade institucional.
O contexto da prisão domiciliar já indicava desgaste. Moraes determinou essa condição depois de apontar violações a restrições anteriores, como uso de redes sociais por meio de intermediários, contatos com lideranças estrangeiras sem autorização e tentativas de comunicação proibida. Esses episódios sustentaram a avaliação de que Bolsonaro não cumpria de maneira adequada as obrigações impostas e que seria necessário elevar o grau de fiscalização.
A situação jurídica do ex-presidente tem grande impacto político. Bolsonaro permanece como figura central no debate nacional, com base de apoio significativa e capacidade de mobilização. Para setores do Judiciário e da sociedade civil, o processo representa um divisor de águas, testando a solidez das instituições brasileiras diante de um ex-chefe de Estado acusado de atentar contra a democracia.
O reforço da vigilância ao redor da casa simboliza, assim, mais do que uma medida prática de segurança. É também um recado do Supremo sobre a seriedade das acusações e sobre a disposição de impedir qualquer tentativa de descumprimento das ordens judiciais. O caso, que se desenrola em meio a fortes tensões políticas, projeta desdobramentos que vão além da esfera jurídica e que podem influenciar o cenário eleitoral e institucional do país nos próximos anos.
Fonte: polinvestimento.com