O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) divulgou um posicionamento oficial em apoio à Venezuela, num momento de aumento das tensões entre Caracas e Washington. O movimento classificou as ações dos Estados Unidos como ofensiva contra a soberania venezuelana e defendeu que o governo brasileiro, sob a liderança do presidente Lula, adote uma postura firme de solidariedade ao país vizinho.
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Na nota, o MST afirmou que as sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos ao longo dos últimos anos provocaram sérios prejuízos à população da Venezuela. Entre os efeitos mais visíveis estariam dificuldades de acesso a alimentos, medicamentos e energia. Além das sanções, o movimento destacou que recursos pertencentes ao Estado venezuelano foram bloqueados no exterior, o que teria agravado a crise social e econômica do país.
O movimento também chamou atenção para a escalada militar promovida pelos norte-americanos. Nos últimos dias, os EUA reforçaram sua presença na região do Caribe, com envio de navios de guerra, submarino de propulsão nuclear, aeronaves de reconhecimento e tropas de fuzileiros navais. Oficialmente, a operação foi anunciada como parte de um esforço para combater o narcotráfico. Entretanto, para o MST, trata-se de uma intervenção com potencial de desestabilizar não apenas a Venezuela, mas toda a América Latina.
O contexto geopolítico se intensificou após Washington oferecer recompensa de 50 milhões de dólares pela captura do presidente Nicolás Maduro, acusado de envolvimento com o tráfico internacional de drogas. A medida aumentou o clima de hostilidade entre os dois países e reforçou a percepção de que os Estados Unidos estariam interessados em promover uma mudança de regime em Caracas.
No Brasil, o MST aproveitou o cenário para reforçar sua agenda internacionalista. O movimento argumentou que a ofensiva contra a Venezuela poderia ter reflexos diretos no Brasil, seja pelo impacto humanitário na fronteira de Roraima, seja por pressões econômicas e políticas na região. Para o grupo, a defesa da Revolução Bolivariana é também a defesa da autodeterminação dos povos latino-americanos.
Ao dirigir o apelo a Lula, o movimento enfatizou sua expectativa de que o governo brasileiro exerça protagonismo diplomático em prol da paz e contra intervenções externas. O MST avaliou que o Brasil tem condições de liderar um bloco regional em defesa da soberania da Venezuela e de barrar o avanço de políticas que, segundo eles, representam ameaça à independência de toda a América do Sul.
O Palácio do Planalto acompanha o cenário com preocupação. Embora não tenha anunciado medidas concretas, auxiliares do presidente monitoram o desdobramento da presença militar norte-americana no Caribe. A diplomacia brasileira avalia que a escalada militar pode afetar a estabilidade da região e provocar impactos diretos no Brasil, como aumento da migração venezuelana e tensões em fóruns internacionais.
A movimentação do MST soma-se a manifestações de solidariedade de outras organizações populares, que defendem a manutenção de governos progressistas na região frente à pressão externa. A expectativa agora é observar como Lula equilibrará a demanda dos movimentos sociais, sua política externa pragmática e as exigências da diplomacia internacional.
Fonte: polinvestimento.com