Malu Gaspar afirma que decisões do ministro contra Bolsonaro seriam motivadas por interesse pessoal, e não por princípios
A colunista do jornal O Globo, Malu Gaspar, publicou nesta quinta-feira (7) um texto crítico ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmando que suas ações em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro “são mais guiadas por capricho do que por princípio”.
Segundo Gaspar, Moraes agiu com excessiva parcimônia ao não prender Bolsonaro quando este permaneceu por dois dias na embaixada da Hungria. Para ela, naquela ocasião havia “claros o risco de fuga e a intenção de obstruir a Justiça — razões clássicas para a obrigação de usar tornozeleira ou a prisão preventiva”.
Decisões consideradas incoerentes
A jornalista destacou que, sobre o episódio da embaixada, Moraes descartou qualquer medida, sustentando que embaixadas não são extensões de território estrangeiro e que Bolsonaro não havia descumprido a proibição de deixar o país.
Gaspar criticou também a imposição de tornozeleira eletrônica ao ex-presidente, apontando que “o inquérito todo é baseado nas ameaças que Eduardo tem feito contra o Brasil e o Supremo” e que, mesmo assim, apenas Jair Bolsonaro foi proibido de usar redes sociais, enquanto seu filho manteve liberdade para publicar.
“Foram bloqueadas as contas bancárias do deputado e de sua mulher, mas, ao contrário do pai, ele continua livre para postar de tudo sem restrição.”
A colunista afirmou ainda que interlocutores de Moraes justificaram a decisão dizendo que o ministro não queria emitir ordens que não seriam cumpridas, mas que isso não se conecta com a lógica de outras medidas já adotadas contra investigados no exterior.
Prisão domiciliar e críticas à motivação
Para Malu Gaspar, a prisão domiciliar de Bolsonaro foi uma “demonstração de poder” diante das manifestações contra o STF. Ela afirma que os Bolsonaros sabiam do risco de medidas restritivas, mas se apoiaram em uma decisão anterior do próprio Moraes que permitia discursos e entrevistas desde que não atacassem a soberania ou as instituições em redes sociais.
No encerramento, a colunista defendeu que decisões judiciais devem se basear em princípios, e não em fatores políticos ou pessoais:
“Quando isso acontece, as escolhas se transformam em mero capricho. E a Justiça não pode estar sujeita aos caprichos de seus integrantes.”
Fonte: contrafatos.com