Um grupo de senadores brasileiros está programado para viajar aos Estados Unidos na tentativa de estabelecer um diálogo sobre as tarifas elevadas aplicadas aos produtos brasileiros pelo governo americano, uma medida conhecida popularmente como “tarifaço”. A comitiva, formada por oito parlamentares, aposta na boa relação do presidente Lula com o ex-presidente dos EUA, Barack Obama, para facilitar conversas com políticos e empresários, especialmente do Partido Democrata. No entanto, a programação oficial da visita ainda não foi divulgada.
A expectativa do grupo é que a influência histórica entre Lula e Obama possa abrir portas para negociar a redução dessas tarifas, que chegam a atingir até 50% sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos. Apesar disso, a iniciativa foi recebida com ceticismo e críticas por parte de especialistas e setores políticos, que questionam a falta de planejamento e a ausência de compromissos previamente agendados com autoridades americanas.
O momento da viagem é especialmente delicado, uma vez que as tarifas começaram a valer poucas horas após a partida dos senadores, e a delegação não possui, aparentemente, mandato formal para negociar em nome do país. Isso levanta dúvidas sobre a eficácia da missão e a real capacidade do grupo para reverter ou amenizar os impactos das medidas americanas.
Além disso, a diplomacia brasileira tem sido alvo de críticas pela suposta falta de articulação na crise. Questiona-se o papel do Ministério das Relações Exteriores e da Embaixada do Brasil nos EUA, sobretudo pela demora da embaixadora em retornar ao país e pela ausência de interlocução direta e efetiva com o governo americano. Fontes indicam que tentativas anteriores de contato com órgãos como o Departamento de Comércio e o Tesouro americano foram frustradas, recebendo como resposta que a decisão sobre as tarifas está concentrada na Casa Branca, sob responsabilidade direta do presidente dos Estados Unidos.
A menção ao ex-presidente Barack Obama como possível mediador da situação causou estranhamento em alguns setores, especialmente porque Obama enfrenta atualmente polêmicas internas nos EUA, o que pode enfraquecer sua influência política e sua capacidade de atuar como intermediário.
A comitiva inclui representantes de diferentes partidos, liderados por Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado. Entre os integrantes estão Jaques Wagner (PT), líder do governo, Teresa Cristina, Fernando Farias (MDB), Marcos Pontes (PL), Espiridião Amim (PP), Rogério Carvalho (PT) e Carlos Viana (Podemos). Essa diversidade busca demonstrar união política diante do desafio, mas também expõe a pressão que o Legislativo sofre para se envolver na questão.
Desde o anúncio das tarifas, o governo brasileiro tem encontrado dificuldades para estabelecer canais efetivos de negociação com os Estados Unidos. Enquanto isso, o discurso oficial do governo tem enfatizado a necessidade de diminuir a dependência do dólar nas transações internacionais, uma pauta que, até o momento, não ganhou amplo apoio dos parceiros comerciais do Brasil, incluindo países dos BRICS.
A combinação de isolamento diplomático, demora nas ações e falta de coordenação política tem sido apontada como uma das principais razões para a crise atual. A situação exige maior protagonismo do governo, com ações concretas e articulação contínua para tentar reverter os efeitos econômicos negativos das tarifas.
Assim, a viagem dos senadores representa um esforço para enfrentar o problema, mas também evidencia as dificuldades e limitações da estratégia adotada até aqui. O desfecho dessa missão ainda é incerto, enquanto o Brasil segue lidando com os impactos significativos do aumento das tarifas americanas sobre seus produtos exportados.
Fonte: pensandodireita.com