O bloqueio judicial das contas bancárias de Eloísa Bolsonaro, esposa do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro, virou mais um combustível no embate entre o núcleo bolsonarista e o Supremo Tribunal Federal (STF). A informação foi confirmada pelo próprio Eduardo, que relatou que sua mulher descobriu a restrição ao tentar fazer movimentações financeiras e receber a notificação de que não poderia acessar o dinheiro.
Eduardo Bolsonaro, que está morando nos Estados Unidos desde março com a família, classificou o bloqueio como mais uma prova de que, segundo ele, o Brasil vive sob um regime de exceção disfarçado de normalidade. Ele argumenta que a medida não encontra justificativa legal, já que Eloísa não ocupa cargo público, não responde a processo nem, até onde se sabe, é alvo formal de investigação. Para o deputado, trata-se de uma tentativa de estrangular financeiramente sua família para minar qualquer possibilidade de articulação política.
A decisão vem sendo vista por aliados como uma forma de pressão indireta, que atingiria a estrutura pessoal de quem denuncia, fora do país, os supostos abusos de poder do sistema de Justiça brasileiro. Parlamentares próximos ao deputado apontam que, mesmo criminosos condenados por crimes graves, como homicídios ou corrupção, raramente têm familiares que não estão diretamente envolvidos atingidos por restrições patrimoniais. Para eles, o caso da esposa de Eduardo é um precedente perigoso.
A defesa de Eduardo sustenta que, caso o bloqueio tenha atingido uma conta conjunta, ainda assim haveria margem para questionamento, uma vez que os bens do casal são individuais para efeitos de medidas cautelares se não houver indícios de participação em eventuais delitos. O deputado reforça que não há provas de que a esposa tenha atuado em qualquer movimentação financeira ilegal.
Nos bastidores, o tema reacendeu o discurso de que o Judiciário estaria extrapolando suas funções ao interferir na vida de pessoas sem vínculo direto com as investigações. Para a ala bolsonarista, o bloqueio faz parte de uma estratégia mais ampla de sufocamento financeiro para dificultar a atuação de opositores, tirando deles meios de custear advogados, viagens e estrutura de comunicação.
Enquanto isso, integrantes da base governista e defensores do STF rebatem que as medidas seguem a lei, sobretudo quando há indícios de uso de contas familiares para movimentar recursos investigados. Por causa do sigilo que envolve parte dos processos, não está claro se Eloísa figura como parte formal de algum inquérito ou se o bloqueio ocorreu por reflexo de contas conjuntas.
Na prática, o caso gerou uma onda de críticas dentro do PL, partido de Eduardo, que promete reagir politicamente. Deputados já falam em apresentar propostas para limitar o alcance de bloqueios que atinjam terceiros sem provas de participação nos crimes investigados. Também há pressão para que o Congresso discuta a forma como o sigilo judicial é usado para impedir acesso a informações de interesse público.
Para Eduardo Bolsonaro, que tem usado sua estadia nos Estados Unidos para denunciar supostas violações de direitos por parte do Judiciário, o bloqueio reforça a narrativa de perseguição. Segundo ele, a restrição de bens, além de comprometer o sustento da família, tem como objetivo intimidar e silenciar quem se opõe ao atual cenário político no Brasil.
A medida ainda levanta questões práticas: sem acesso a contas, a família do deputado, que tem filhos pequenos, enfrenta dificuldades para cobrir despesas cotidianas no exterior. Para a base bolsonarista, trata-se de um recado claro de que, hoje, qualquer um que se coloque contra determinadas decisões pode ser atingido de forma indireta.
Enquanto a polêmica segue sem resposta oficial detalhada do STF, o caso se torna mais um ponto de atrito entre Judiciário e o grupo bolsonarista, que promete ampliar a pressão por mudanças legais quando o Congresso retomar as atividades em agosto.
Fonte: pensandodireita.com