O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a chamar atenção nesta terça-feira (15) ao afirmar que a China estaria interferindo diretamente em seu futuro político. Bolsonaro, que atualmente é alvo de investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta tentativa de golpe de Estado, declarou que existe uma articulação internacional para impedir que ele dispute as próximas eleições presidenciais. Segundo o ex-presidente, o governo chinês teria interesse em afastá-lo da corrida eleitoral porque ele não cedeu aos planos do país asiático durante o seu mandato.
Na declaração, Bolsonaro sustentou que não permitiu que a China comprasse extensas áreas de terras brasileiras, o que, em sua visão, representaria uma ameaça à soberania nacional. Para ele, permitir a aquisição de grandes propriedades por estrangeiros seria abrir as portas para uma “invasão silenciosa”, colocando em risco o controle do Brasil sobre suas próprias riquezas naturais. Ainda segundo Bolsonaro, esse foi um dos principais motivos para que potências estrangeiras, como a China, não queiram vê-lo novamente no comando do país.
O discurso ecoa a retórica nacionalista que marcou sua gestão à frente do Palácio do Planalto, na qual a defesa da soberania sobre o território e os recursos brasileiros era frequentemente destacada. Durante o período em que esteve na Presidência, Bolsonaro resistiu a propostas de abrir mais espaço para grupos estrangeiros adquirirem terras agrícolas, alegando que isso enfraqueceria a autonomia nacional.
Agora, investigado por supostas manobras para tentar se manter no poder, Bolsonaro reforça a narrativa de que há uma perseguição em curso contra ele — desta vez, orquestrada também por interesses internacionais. Para aliados próximos, a estratégia faz parte de um esforço para mobilizar sua base de apoiadores em torno da ideia de que ele seria vítima de complôs dentro e fora do Brasil. A intenção é manter viva sua relevância política, mesmo enquanto enfrenta processos na Justiça.
A fala do ex-presidente ocorre em um momento sensível para a diplomacia brasileira, já que a China é um dos maiores parceiros comerciais do país, principalmente no setor de exportações agrícolas e minerais. Insinuações de interferência externa podem acirrar tensões e gerar mal-estar entre os dois governos, que tentam manter relações comerciais estáveis apesar de diferenças políticas.
O tema da compra de terras por estrangeiros, levantado por Bolsonaro, também é assunto recorrente no Congresso Nacional. Projetos que visam limitar ou regulamentar essas aquisições voltam e meia ressurgem no debate legislativo, quase sempre com o argumento de proteger áreas produtivas e estratégicas de passarem para o controle de grupos de fora.
Enquanto isso, Bolsonaro segue usando espaços públicos e redes sociais para reiterar que é alvo de perseguição política. Além de mirar o Judiciário, ele agora amplia suas críticas para o exterior, alimentando a narrativa de que enfrenta pressões de grandes potências interessadas em dominar setores produtivos brasileiros.
Resta saber até que ponto esse discurso vai se sustentar entre seus apoiadores e como o tema pode impactar as relações comerciais e diplomáticas do Brasil com a China, que observa com cautela as declarações do ex-presidente e seus próximos passos no cenário político.
Fonte: pensandodireita.com