A decisão do presidente norte-americano, Donald Trump, de fixar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros trouxe à tona, novamente, a fragilidade do governo Lula na condução de temas sensíveis da política externa. Assim que a medida foi anunciada, a Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) se mobilizou, pedindo ao Planalto que adotasse uma postura diplomática sólida, mas equilibrada, para enfrentar o impacto direto que essa tarifa trará ao agronegócio — um dos pilares da economia nacional.
Em resposta, Lula limitou-se a uma declaração vaga, dizendo que o Brasil é “soberano”, sem apresentar qualquer plano concreto para contornar o aumento de custos ou abrir diálogo real com os Estados Unidos. O discurso, carregado de simbolismo, reforça uma prática já conhecida do presidente: usar frases de efeito para defender a imagem de autonomia nacional, mas sem oferecer soluções práticas para problemas que podem comprometer o desempenho de setores estratégicos.
Enquanto Lula se satisfaz com declarações de independência, o campo teme prejuízos reais. Produtos como soja, carne, café e suco de laranja — que têm forte presença no mercado americano — podem perder espaço rapidamente para concorrentes diretos, como Argentina, Canadá e Austrália, que se tornam mais competitivos com a tarifa elevada.
A falta de ação concreta também preocupa líderes do setor, que veem um risco de isolamento do Brasil justamente quando o protecionismo ganha força em várias partes do mundo. Em vez de buscar diálogo direto com a Casa Branca, usar canais diplomáticos multilaterais ou pressionar por negociações comerciais mais equilibradas, o governo opta por um discurso vazio que pouco ajuda quem realmente gera empregos, exporta e sustenta o superávit comercial.
A irritação é ainda maior porque o agronegócio, historicamente, sofre com desconfiança dentro do governo Lula. Frequentemente, o setor é visto como alinhado a adversários políticos, tornando-se alvo de críticas internas e novas restrições regulatórias. Mas, na prática, é dele que saem grande parte das divisas que mantêm a economia funcionando.
Ao se recusar a negociar ou apresentar alternativas, o Planalto joga contra o próprio país. A manutenção dessa postura pode custar caro: além de reduzir a entrada de dólares, pode pressionar o câmbio, aumentar os custos de produção e encarecer alimentos na mesa da população.
Em resumo, enquanto Lula insiste em reafirmar a independência nacional, produtores rurais aguardam ações reais. Para o agronegócio, não bastam palavras de efeito. É preciso disposição para enfrentar o protecionismo com pragmatismo, abrir diálogo técnico e buscar acordos que defendam a competitividade brasileira. Se isso não acontecer, o país corre o risco de pagar um preço alto pela falta de firmeza e de estratégia de quem deveria liderar a defesa de seus interesses comerciais.
Fonte: pensandodireita.com