Em editorial contundente, publicado nesta quarta-feira (15), o jornal O Globo denunciou o agravamento da crise fiscal brasileira sob o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Já no título, o texto dispara: “negar a gravidade da atual crise fiscal é inadmissível”. Dados alarmantes colocam o Brasil como o segundo pior em desempenho fiscal entre 23 economias analisadas pelo banco BTG Pactual, atrás apenas da Bolívia. Enquanto outros países ensaiam melhorias, o cenário brasileiro aponta para mais endividamento.
O artigo não economiza críticas ao que classifica como “ilusionismo econômico” da equipe do governo. Segundo a publicação, o endividamento brasileiro em relação ao PIB deve aumentar 14 pontos percentuais até o final do atual mandato presidencial, chegando a preocupantes 86% já no ano que vem. “Para um país com uma dívida alta como o Brasil, o cenário é um tremendo problema”, alertou. O jornal ainda ironizou o discurso governista, comparando-o ao “terraplanismo econômico” por desconsiderar fatores que agravam a situação, como as despesas com os juros da dívida pública.
O editorial também desmantelou declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre um suposto déficit de apenas 0,1% do PIB. Segundo o texto, a metodologia usada pelo governo exclui gastos importantes, como os relacionados a desastres naturais. “O incrível é que, com todas essas ressalvas, o governo não conseguiu equilibrar as contas”, afirmou o jornal. Para O Globo, essa estratégia reflete um esforço de mascarar a realidade econômica e justificar práticas de gestão consideradas irresponsáveis.
A previsão para os próximos anos é ainda mais sombria: o endividamento pode ultrapassar 100% do PIB em 2030 e chegar a 116% em 2034. “Quanto mais elevada [a dívida pública], maior o custo de rolagem”, destacou o texto, estimando que os gastos com juros ultrapassem R$ 1 trilhão apenas em 2025. Ao concluir, o editorial fez um apelo urgente: “Diante de tantas evidências, negar a gravidade da crise fiscal é inadmissível. É hora de medidas à altura dos desafios”.