Aparelhos apreendidos pela PF, trouxeram muitas evidências do envolvimento do ex-presidente Bolsonaro na tentativa de consolidar um golpe de Estado. PF usou ferramenta de análise de dados em massa para extrair informações de celulares
A Polícia Federal (PF) utilizou uma ferramenta de análise de dados em massa para extrair as informações dos celulares de indiciados na tentativa de golpe de Estado.
A ferramenta organiza extrações de mídia, contatos telefônicos e de serviços de armazenamento na nuvem dos aparelhos apreendidos para fazer cruzamento de dados e a organização cronológica de fotos, áudios, mensagens e documentos.
De acordo com investigadores que participaram ativamente das apurações, o telefone do Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), trouxe muitas evidências do envolvimento do ex-presidente na tentativa de consolidar o golpe. E na colaboração, Cid cita detalhes de outros envolvidos, inclusive em relação ao general Braga Netto.
Em relação ao ex-ministro da Defesa do governo Bolsonaro, a PF obteve um celular com muitas informações relevantes.
Depoimento de outras pessoas, registros de entrada, quebra de antenas de celular, dados em nuvem… São várias informações fragmentadas que o trabalho investigativo conseguiu reunir – segundo policiais federais do caso –, colocar em ordem cronológica de acontecimentos e apontar o general como um dos principais articuladores das tramas golpistas.
O relatório da PF tornado público nesta terça-feira (26) revelou que Braga Netto teria aprovado o plano “Punhal Verde Amarelo” – que previa o uso de veneno e explosivos para assassinar Luiz Inácio Lula da Silva, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes em dezembro de 2022.
Naquele momento, Lula e Alckmin já tinham sido eleitos, mas ainda não tinham tomado posse na presidência da República. Moraes era presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Segundo o relatório, o plano foi elaborado pelo general Mario Fernandes – um dos cinco presos na operação Contragolpe, na última semana.
O relatório da PF ressalta que o plano foi parte de uma série de estratégias articuladas por setores do governo e militares alinhados com Bolsonaro para impedir a transição democrática. O uso de violência, segundo a investigação, era visto como um recurso viável para alcançar os objetivos do grupo.
A reunião na residência de Braga Netto ocorre como um ponto-chave na investigação, pois mostra o envolvimento direto de altos oficiais do Exército em articulações para subverter o Estado Democrático de Direito.
A PF indiciou 37 pessoas por envolvimento na suposta tentativa de golpe, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O inquérito foi encaminhado, por Moraes, à Procuradoria-Geral da República (PGR), que poderá — ou não — apresentar denúncia contra o grupo.
Fonte: G1