A Justiça aceitou nesta sexta-feira (15) a denúncia do Ministério Público Estadual (MP-AL) contra pai e filho presos por participação na morte e na ocultação do cadáver da garçonete Flávia dos Santos Carneiros, que teve o corpo colocado dentro da própria geladeira em Maceió.
O juiz Geraldo Amorim, que aceitou a denúncia do MP-AL, ressaltou em sua decisão a existência de indícios da materialidade do crime.
“A prova de materialidade e os indícios de autoria encontram-se no Boletim de Ocorrência, no Laudo Pericial, nos depoimentos e interrogatórios e nos demais elementos de informações presentes nos autos”, disse o magistrado.
O genro da vítima, Leandro dos Santos Araújo, de 22 anos, foi preso no mesmo dia em que o corpo foi achado. Ele vai responder pelos crimes de feminicídio, ocultação de cadáver, corrupção de menor e estupro de vulnerável. A filha da vítima, de 13 anos, namorada do acusado, foi apreendida por envolvimento na morte da mãe.
O pai de Leandro, Ademir da Silva Araújo, não participou do assassinato, mas foi preso como cúmplice na ocultação do cadáver.
Segundo a Polícia Civil, Flávia não aceitava o relacionamento da filha com o genro. O casal pretendia morar junto e estava montando uma casa no Benedito Bentes. O crime aconteceu no dia 1º, na casa de Flávia, no Jacintinho, após uma discussão entre os três por causa da mudança.
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Flávia dos Santos Carneiro foi assassinada pelo genro com a ajuda da filha — Foto: Arquivo pessoal
Em depoimento, a adolescente contou que ajudou o namorado a assassinar a mãe, passando a faca para ele e segurando os braços de Flávia para que ela fosse esfaqueada. A filha falou também que limpou a cena do crime com Leandro e que teve participação direta na ocultação do cadáver da mãe.
A dolescente contou à polícia também que usou o celular da mãe para enviar mensagens no WhatsApp se passando por ela para familiares e colegas de trabalho, para que não desconfiassem do crime.
Família tinha relacionamento conflituoso
Testemunhas disseram que o contexto familiar era bastante conflituoso. De acordo com a polícia, um filho maior de idade deixou de morar com a mãe e a irmã por causa das brigas constantes do namorado da adolescente com elas. Leandro morava na mesma casa que a sogra.
Ainda de acordo com a polícia, o pai da adolescente não mantinha contato com a família há anos. Foi feito contato com ele após o crime, mas o pai disse que preferia não se envolver com a situação.
Corpo colocado em geladeira
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Corpo dentro de geladeira, Maceió, Guaxuma — Foto: Arquivo pessoal
O cadáver só foi descoberto depois que um homem que trabalha com serviço de frete foi contratado para fazer o frete dos móveis que a filha da vítima e o namorado dela estavam levando para a casa em que pretendiam morar juntos no Benedito Bentes.
Após fazer a mudança, o genro e o pai dele pediram que o motorista jogasse fora a geladeira lacrada com fita adesiva. Após descartar o eltrodoméstico, o homem procurou o 6º Distrito Policial para relatar a suspeita de que se tratava de um crime.
“Desconfiei porque eu trabalho no ramo de frete há 15 anos. E nunca vi cliente nenhum chegar com uma geladeira seminova pra jogar fora. Toda lacrada daquele jeito?”, disse o homem que fazia o frete.
Ele voltou ao local do descarte com a Polícia Civil, a geladeira foi aberta e o corpo foi descoberto
Fonte: G1