Seu resultado é… 20 toneladas de gases do efeito estufa.
O que isso significa?
Nesta sexta-feira (12), último dia na agenda oficial da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 26), o g1 publica a Calculadora de Carbono, uma nova ferramenta com funcionalidades exclusivas que permitem estimar o quanto nossas rotinas produzem, a cada ano, de gases de efeito estufa.
O Brasil está entre os cinco países que mais emitem gases de efeito estufa e, por isso, vale lembrar o objetivo da calculadora não é apontar que, sozinhos, somos responsáveis pelo aquecimento global. A proposta da ferramenta é refletir sobre o impacto das nossas rotinas e opções de consumo na busca por uma vida mais sustentável.
As base da calculadora foram elaboradas por especialistas do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), sob a coordenação de Tasso Azevedo. O SEEG, uma plataforma do Observatório do Clima, é referência para pesquisadores e gestores públicos. Neste ano, seu recente relatório apontou aumento no nível de emissões no Brasil.
Abaixo, nesta reportagem, entenda em tópicos o que é e como funciona a calculadora:
- O que é uma “calculadora de emissões de carbono”?
- O que há de novidade na calculadora do g1?
- O que eu preciso para preencher e como os dados serão usados?
- Por que a calculadora considera três “áreas” de emissões?
- Como posso interpretar os resultados?
O que é uma ‘calculadora de emissões de carbono’?
A calculadora de carbono é uma ferramenta na qual é possível obter uma estimativa de quanto carbono é emitido por nossas atividades ou hábitos de consumo. O CO2 é o principal gás de efeito estufa. Em excesso na atmosfera, gases como o CO2 e o metano provocam o aumento nocivo da temperatura global.
Os cálculos são possíveis porque, para cada país, especialistas acompanham o quanto é emitido para a produção de itens em vários setores da economia (agropecuária, geração de energia e transporte).
O que há de novidade na calculadora do g1?
A calculadora do g1 em parceria com o SEEG tem pontos exclusivos: é possível considerar o peso do estado, da renda e ainda incluir itens que diminuem, ou mitigam, as emissões, como reciclagem do lixo ou plantio de árvores.
Unidade da federação e renda são informações importantes por considerar o cálculo das emissões indiretas, como explica Felipe Barcellos, especialista do Instituto de Energia e Meio Ambiente e um dos que ajudou na idealização da calculadora.
“Não tem como ignorar, por exemplo, que para a gasolina chegar no posto perto da minha casa, onde eu abasteço meu carro, existe todo uma cadeia econômica. Isso geralmente acaba sendo ignorado em algumas calculadoras que tem por aí, né? E a gente teve o esforço de colocar isso”, explicou.
Por isso, toda a cadeia estadual de produção, transporte, e outras fontes de emissão estão incluídas na soma total da calculadora. Por exemplo: mesmo que a pessoa que está preenchendo não use o ônibus ou metrô da sua cidade, o valor está contabilizado. Afinal, o sistema é disponibilizado para toda a população e, portanto, segue emitindo. A diferença é usar o carro ou não, de acordo com os especialistas do SEEG.
Página da calculadora de carbono do g1 para preencher a renda — Foto: Reprodução/g1
Além disso, a renda é fundamental: quanto mais dinheiro, mais consumo, e mais emissões. Por isso, quanto maior o valor recebido mensalmente, maior será o resultado final. De qualquer forma, é importante reforçar que o g1 que não irá coletar os dados de renda ou nenhuma outra informação nem criar uma base de dados com as informações disponibilizadas.
Os resultados serão exibidos na medida CO2e, que é o CO2 equivalente: unidade que concentra os diferentes gases de efeito estufa (metano e carbono são os principais) em apenas um indicador. Por exemplo: 1kg de metano é 28 kg de CO2e.
O que eu preciso para preencher e como os dados serão usados?
Na calculadora, cada pessoa precisa preencher o estado em que reside, a renda (opcional), quanto consome de carne, de leite, de ovos, e de gasolina, entre outros indicadores.
Depois de selecionar o estado, o leitor deverá ir para a próxima pergunta, sempre no botão redondo posicionado à direita do monitor ou tela do celular.
Algumas dicas:
Como saber meu consumo de gasolina mensal? O preço médio da gasolina, segundo atualização do Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), está em R$ 6,56 o litro. Ou seja: a cada R$ 100, são cerca de 15 litros de gasolina.
- Como saber meu consumo de etanol mensal? Vale a mesma regra. Segundo a ANP, o preço médio do litro do etanol no país está em R$ 5,066. Ou seja: a cada R$ 100, são cerca de 20 litros.
- Como saber meu consumo mensal de diesel? O preço médio do diesel está em R$ 5,211 por litro – a cada R$ 100, o consumidor abastece com cerca de 19 litros.
- Como saber meu consumo mensal de GNV? O valor do m³ do GNV está chegando a R$ 4,256 — a cada R$ 100, o consumidor abastece com 23,5 m³.
- Os preços da conta de luz, do botijão de gás e do gás encanado variam muito de cidade para cidade, além de ter um preço social em alguns casos. Na dúvida, vale consultar a conta para ter uma ideia do consumo.
- Se você é vegetariano, não precisa preencher os campos de carne e frango. A calculadora aceita respostas “0”.
Parte da calculadora para preencher os dados de transporte — Foto: Reprodução/g1
Por que a calculadora considera três setores de emissões?
A Calculadora de Carbono do g1 considera hábitos e atividades que podem ser classificados dentro de três setores:
Energia e indústria: Aqui são contabilizadas as emissões de transporte: consumo de gasolina, álcool, gás natural veiculado, viagens de avião e, também, de energia de uso doméstico.
Uso da terra e agropecuária: No Brasil, a maioria das emissões está relacionada com as mudanças de uso da terra – desmatamento — e agropecuária (cerca de 27% de todas as emissões). Ao preencher a categoria “estado”, cada pessoa recebe sua parte em desmatamento referente.
Estados muito pequenos, como o Acre, têm uma taxa per capita alta: isso porque a unidade federativa tem emissões de gases devido ao desmatamento e pecuária, mas com uma população pequena. Além disso, o consumo de carne, ovos, arroz, entre outros, também é contabilizado nesta categoria. Se o leitor do g1 tiver plantado algumas árvores nos últimos tempos, a calculadora desconta uma parte do valor total.
Ao contrário do setor energético, as emissões da agropecuária, que abarcaram 577 milhões de toneladas de CO2e (27% do total nacional) em 2020, também sofreram uma alta, de 2,5%. Isso ocorreu em parte por uma razão contraintuitiva: a crise econômica diminuiu o consumo de carne, com uma redução de quase 8% no abate de bovinos. O rebanho nacional cresceu 3,2 milhões de cabeças, o que, por sua vez, aumentou também as emissões de metano por fermentação entérica (o popular “arroto do boi”).
Resíduos: Em 2020, o setor de resíduos (lixo) foi responsável pela emissão de 92 milhões de toneladas de CO2 e, um discreto aumento (1,8%) em relação ao ano anterior. Desse total, a maior parte está associada à disposição de resíduos sólidos em aterros controlados, lixões e aterros sanitários (64%), seguida pelo tratamento de efluentes líquidos domésticos (28%), tratamento efluentes líquidos industriais (6%), entre outros indicadores menos representativos. Por isso, a forma como cada um direciona o próprio lixo importa e faz parte do cálculo das emissões per capita.
Como posso interpretar os resultados?
No final, a Calculadora de Carbono mostra um valor total em toneladas de CO2e por ano. O gráfico mostra o valor per capita para cada uma das áreas acima e isso pode variar de acordo com as atitudes de cada um — lixo e consumo —, ou ainda, com as do poder público — desmatamento e as emissões indiretas das cidades.
O importante é observar em que patamar você está, a parcela que lhe compete nas mudanças do clima: o resultado mostra a sua média em comparação com o seu estado, o Brasil e o mundo.
Veja alguns indicativos da calculadora:
- Consumo de gasolina: 1,6kgCO2/litro
- Consumo de óleo diesel: 2,3kgCO2/litro
- Consumo de gás natural veicular (GNV): 2,1 kgCO2/m³
- Voo doméstico: 106,1 kgCO2e/voo/pessoa
- Voo internacional: 605,6 kgCO2e/voo/pessoa
- Consumo de eletricidade: 0,1 kgCO2e/kWh
- Carne Bovina: 0,1521 tCO2e/kg/ano
- Carne Frango: 0,0006 tCO2e/kg/ano
- Leite: 0,0017 tCO2e/litro/ano
- Ovos: 0,0001 tCO2e/unidade/ano