Por Adriano Oliveira – Cientista Político
Diversos atores políticos são favoráveis ao impedimento da presidente Dilma Rousseff por reconhecerem que as “pedaladas fiscais” são motivos para o impeachment. Porém, outros atores agem por um motivo não dito, qual seja: o medo do Lula.
Não encontro razões para o impedimento da presidente. Assim como não encontro razões para que a oposição seja apressada para tirar o PT do poder. Caso Dilma sofra o impeachment, o que ocorrerá? A oposição no Brasil passará a ser liderada pelo ex-presidente Lula. Ator político que tem condições de liderar massas.
A saída de Dilma Rousseff da presidência não retira a necessidade de corte nos gastos públicos. Independente da presidente Dilma está ou não no exercício da presidência da República, o equilíbrio fiscal será a meta de qualquer governante. A busca por tal equilíbrio requererá coalizão. Quais partidos estarão dispostos a participarem do governo Michel Temer?
Temer poderá conquistar popularidade e ser o candidato a presidente em 2018. O brilhante José Serra poderá ser ator ativo no governo Temer e ser o candidato do PMDB na próxima eleição presidencial. Então, o PSDB participará ativamente do governo Temer?
A formação do governo de coalizão não será tarefa fácil para Michel Temer. As ameaças da Operação Lava Jato e os pedidos inerentes à dinâmica do presidencialismo de coalizão continuarão presentes. A Operação Lava Jato ameaçará o governo Temer, pois parlamentares requererão proteção institucional ao presidente da República. Caso este não oferte a proteção, o parlamentar poderá ameaçar, no caso, sair da coalizão partidária. Com isto, turbulência no gerenciamento do governo.
E caso Dilma Rousseff não sofra impedimento? Ela, obviamente, adquirirá condições de conquistar popularidade – Cenário plausível. E, por consequência, terá condições de fazer o seu sucessor em 2018. Porém, o candidato do PT não será o Lula, pois este levará consigo o desgaste de Dilma e o seu próprio desgaste.
Mas se Dilma for impedida de governar? Lula adquire condições de liderar a oposição e de narrar os feitos da sua era. Com isto, tende a diminuir a sua rejeição, pois ativará a memória de parte dos eleitores, os quais passarão a lembrar do bom passado lulista. Portanto, o impeachment de Dilma não é estratégia ótima para oposição. Feliz 2016!