A relação entre Davi Alcolumbre e o governo Lula atravessa um momento de forte desgaste. O senador, que preside o Senado, decidiu romper o silêncio e demonstrar publicamente sua insatisfação com a postura recente do Planalto. O estopim foi a fala de Lula reclamando da influência crescente do Congresso sobre o Orçamento, o que Alcolumbre entendeu como uma tentativa de jogar a sociedade contra o Legislativo.
Para o senador, o comentário do presidente não só distorce a realidade, como também desrespeita a autonomia dos parlamentares. Ele argumenta que a divisão de responsabilidades é parte natural do sistema político brasileiro e que o Congresso não pode ser tratado como culpado pelos impasses orçamentários. Esse tipo de declaração, segundo ele, prejudica a cooperação entre os poderes e cria um ambiente de desconfiança.
A irritação ficou ainda maior por causa da confusão envolvendo a indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal. Mesmo após o anúncio público, a documentação necessária para dar início ao processo de sabatina não chegou ao Senado dentro do prazo esperado. Para Alcolumbre, isso demonstra desorganização administrativa e falta de consideração com a instituição responsável por avaliar formalmente o indicado. O senador não aceitou bem a pressão política que começou antes mesmo de o processo ser oficialmente protocolado.
O episódio repercutiu rapidamente entre outros parlamentares, que viram na reação de Alcolumbre um recado mais amplo ao governo: o Senado não pretende agir como mero carimbador das decisões do Executivo. A demora na indicação, somada às falas públicas de Lula, fez o clima político azedar de vez. Alcolumbre aproveitou o momento para reforçar que não aceitará ataques, insinuações ou qualquer movimento que diminua o papel constitucional da Casa.
A resposta do governo foi tentar conter o estrago. Reuniões foram convocadas, ministros foram mobilizados e a ordem interna passou a ser “acalmar os ânimos”. Existe uma preocupação clara de que essa crise atrapalhe votações importantes, especialmente porque o Senado tem poder decisivo em temas sensíveis e estratégicos para a atual gestão. O Planalto sabe que, sem diálogo com Alcolumbre, a agenda do governo pode empacar.
Mesmo crítico, o senador demonstrou que não quer transformar a tensão em ruptura. Em falas mais recentes, adotou um tom mais leve ao comentar ações do governo em regiões do país que considera prioritárias. Esse gesto, apesar de discreto, indica tentativa de manter alguma ponte aberta, mas não elimina a percepção de que ele está irritado e disposto a reagir sempre que considerar necessário.
O embate expõe conflitos internos da política brasileira: a disputa por espaço, poder e influência. O Senado quer reafirmar sua autoridade, enquanto o governo tenta avançar com suas pautas sem abrir mão de certos controles. A combinação dessas pressões produz atritos constantes.
Por ora, a situação segue instável. Alcolumbre mostrou que não pretende tolerar o que considera desrespeito institucional. Já o governo precisa agir com mais cautela se quiser evitar novos enfrentamentos. O desentendimento serviu como alerta: sem alinhamento entre Senado e Planalto, qualquer avanço político se torna mais lento, mais difícil e mais tenso.
Fonte: PensandoDireita








