“Fomos enganados”. Com relatos emocionados e denúncias de tortura, duas brasileiras refugiadas no exterior chocaram os deputados presentes em uma Audiência Pública na Câmara.
A sessão, focada em apurar violações de direitos dos presos do 8 de janeiro, foi palco de narrativas sobre os horrores que teriam sido cometidos nas prisões determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Confesso que, ao ouvir tais depoimentos, é impossível não se questionar sobre os limites do sistema judicial. O que os autos dos processos não mostram, mas a vivência relatada por essas mulheres revela, é o profundo trauma humano por trás dos eventos políticos.
Neste artigo, vamos detalhar as principais denúncias feitas pela refugiada Alessandra Faria Rondon e pela advogada Cristina Medeiros, que acusam o sistema de violações graves ao devido processo legal.
O relato de Alessandra Faria Rondon
Em um depoimento marcado pela emoção, Alessandra Rondon descreveu como ela e um grupo de manifestantes teriam sido conduzidos por policiais legislativos para o interior do Senado, onde acabaram sendo presos. Ela chorou ao detalhar as supostas torturas a que ela, seu marido e outros foram submetidos.
Rondon explicou que hoje vive como refugiada na Argentina, mas seu marido foi detido no país vizinho e permanece preso há meses. Ela destacou o sofrimento das famílias dos perseguidos, que perdem tudo, e finalizou com uma citação bíblica: “aqueles que praticam a injustiça receberão o justo castigo”.
A Denúncia da Advogada Cristina Medeiros
Também refugiada, a advogada Cristina Medeiros corroborou a versão de que os manifestantes foram presos em massa “sem crime e sem qualquer respeito ao devido processo legal”. Segundo ela, os detidos foram coagidos a assinar documentos assumindo a culpa por crimes que não cometeram e ficaram sem alimentação por mais de 24 horas.
Medeiros fez uma denúncia pessoal ainda mais grave. Por ter se identificado como advogada, relatou ter sido alvo de tratamento ainda mais hostil.
“Fui obrigada a me despir na frente de vários homens e, em seguida, enviada para o que chamaram de ‘cela gold’, que era um local de isolamento (‘corró’), em condições insalubres, onde recebeu comida podre”, afirmou.
Mesmo após ser solta, as humilhações teriam continuado, com buscas e apreensões e o bloqueio de suas contas, o que a levou a buscar refúgio fora do Brasil. “A minha família aqui é só essa outra pessoa que está aqui, também condenada a 17 anos sem ter feito nada”, desabafou, referindo-se à dor de estar longe dos filhos e netos.
Para aprofundar o entendimento sobre os direitos dos detidos, o site do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) oferece informações sobre as audiências de custódia e o devido processo legal.
Depoimentos que Exigem Investigação
Os relatos lancinantes de Alessandra Rondon e Cristina Medeiros na Câmara dos Deputados adicionam uma camada de gravidade às denúncias contra a condução das prisões do 8 de janeiro. As acusações de tortura, coação e violação de direitos humanos exigem uma apuração rigorosa e transparente.
- Refugiadas brasileiras denunciaram em audiência pública terem sido vítimas de tortura e violações nas prisões do 8 de janeiro.
- Os relatos incluem coação para assinatura de confissões, condições insalubres e humilhações específicas contra uma advogada.
- As denúncias aumentam a pressão por uma investigação aprofundada sobre a conduta das autoridades durante as prisões.
Os depoimentos levantam um debate crucial sobre a proteção das garantias fundamentais, mesmo em momentos de crise política.
Você acredita que as instituições brasileiras estão investigando essas denúncias com o rigor necessário? Deixe sua opinião nos comentários.
Fonte: folhadapolitica.com