Na terça-feira (26), a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) registrou um intenso desentendimento entre parlamentares, envolvendo o presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), e a senadora Eliziane Gama (PSD-MA). O episódio gerou tensão durante a sessão e atraiu atenção da imprensa e do público.
Confira detalhes no vídeo:
O conflito teve início quando Viana determinou que jornalistas não registrassem imagens dos celulares dos parlamentares, sob pena de suspensão das credenciais de imprensa. Ele justificou a decisão com base na Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), argumentando que informações pessoais, como dados de celulares e computadores, não poderiam ser divulgadas sem autorização. “Se forem publicadas, levarão à suspensão da credencial do veículo de comunicação”, afirmou o presidente, enfatizando a necessidade de proteger dados sensíveis dentro da comissão.
A senadora Eliziane Gama reagiu criticando a medida, considerando-a uma forma de censura à imprensa. Ela destacou a importância da liberdade de atuação dos jornalistas e solicitou que a orientação do presidente fosse revista. “Se alguém precisa se precaver, é o parlamentar. Não podemos criar censura para os jornalistas”, disse Gama, ressaltando que, em ambientes públicos de trabalho legislativo, o registro de imagens deve ser permitido, salvo em casos de documentos sigilosos.
O desentendimento criou um clima de tensão na sessão, com troca de palavras acaloradas entre os parlamentares. Apesar do atrito, os trabalhos da CPMI seguiram com a leitura e aprovação do plano de trabalho do relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), que prevê a convocação de ex-ministros da Previdência Social para depor. A medida reforça a intenção da comissão de investigar de forma detalhada fraudes no INSS, abrangendo gestões passadas e recentes, e evidencia a complexidade de conduzir o trabalho sob pressão política e da mídia.
O incidente também expôs o confronto entre parlamentares da base governista e da oposição. Enquanto Viana buscava limitar registros por motivos de proteção de dados, Gama destacou a importância da transparência e do papel fiscalizador da imprensa. A tentativa de restrição gerou críticas nas redes sociais, com jornalistas e internautas questionando a medida e defendendo a liberdade de cobertura jornalística.
Em reação, a senadora acionou o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), solicitando esclarecimentos sobre a postura do presidente da CPMI. Ela argumentou que, com exceção de documentos sigilosos da comissão, o registro de imagens durante sessões públicas é essencial para a transparência e a prestação de contas à sociedade.
O episódio reflete o clima de polarização política que domina o Congresso Nacional, especialmente em investigações delicadas como a conduzida pela CPMI do INSS. A comissão tem se tornado palco frequente de disputas políticas, com cada ato ou declaração sendo interpretado como estratégia eleitoral ou tentativa de controlar a narrativa pública.
O confronto entre Viana e Gama é mais um de uma série de episódios que têm marcado a comissão. À medida que a investigação avança, a expectativa é de que novas tensões ocorram, reforçando a atenção da sociedade e da imprensa sobre a condução dos trabalhos e sobre a postura dos parlamentares frente à transparência e à proteção de dados pessoais.
Fonte:polinvestimento.com