A Polícia Civil, acompanhada da Polícia Científica e da Vigilância Sanitária, interditou nesta segunda-feira (25), a clínica de reabilitação investigada por suspeita de maus-tratos e abusos contra internos. A apuração começou após a morte da esteticista Claudia Pollyane, que estava internada na comunidade terapêutica. O imóvel, que fica em Marechal Deodoro, Litoral Sul de Alagoas, foi lacrado.
Antes da interdição, a clínica foi vistoriada pelas autoridades. Manchas foram encontradas nas paredes e a Polícia Científica colheu material para análise, e confirmou que as manchas nas paredes eram de sangue. A ação foi conduzida pelas quatro delegadas que integram uma comissão que investiga as causas da morte de Pollyane, de 41 anos.
“Tudo faz crer que realmente houve um homicídio. Até então nós não havíamos recebido nenhuma denúncia, o que acho estranho diante do que estamos apurando”, disse a delegada Liana Franca.
A clínica pertence a um casal, que já foi preso. A defesa informou que pretende provar a inocência de marido e mulher.
Morte suspeita
Parentes disseram que Cláudia passava por tratamento contra dependência nessa clínica há um ano e três meses e morreu no sábado (9). Segundo o familiar, ela tinha várias marcas de hematomas pelo corpo.
“O dono da clínica ligou para dizer que ela tinha passado muito mal e que ele tinha levado ela para a UPA, sendo que ele deixou ela lá e foi embora. A equipe médica disse que ela já estava morta há pelo menos quatro horas. Fiz o reconhecimento do corpo e ela tinha muitos hematomas, um bem grande no rosto”, disse o parente.
O proprietário chegou a registrar um Boletim de Ocorrência, alegando que Cláudia teria tido um surto de abstinência na noite anterior, tomou um medicamento, jantou e foi dormir. Porém, após a morte, novas denúncias de negligência na unidade terapêutica foram apresentadas e a Polícia Civil representou pela prisão dele, que passou a ser considerado foragido. Na sexta-feira (22) ele foi localizado em um motel no bairro de Guaxuma, em Maceió, onde foi preso.
A esposa dele, que também é dona da clínica, foi presa na sexta-feira (15) após denúncias de abusos sexuais e maus-tratos contra uma outra paciente, de 16 anos. A adolescente foi resgatada assim que a Polícia Civil recebeu a denúncia.
A defesa informou que ela ocupava um cargo coadjuvante na administração, tendo emprestado seu nome ao marido unicamente para a abertura da empresa.
Denúncias de negligência
Após a morte da esteticista vir à tona, ex-pacientes passaram a relatar maus-tratos e registraram Boletins de Ocorrência. Um deles disse que desde o primeiro dia na clínica, em fevereiro de 2024, passou a sofrer agressões. Relatou também que era intimidado, sob ameaças de ficar sem comida ou sem contato com a família caso contasse a alguém.
O filho de uma paciente também denunciou os abusos sofridos pela mãe em 2023, como alimentação inadequada e medicação abusiva. Ele afirmou que só conseguiu tirar a mãe da clínica após dizer que iria denunciar o dono.
Em outro Boletim de Ocorrência, um ex-paciente declarou que esteve oito meses internado no centro terapêutico e que sofreu diversas agressões físicas. Disse ainda que Cláudia era o alvo principal entre as mulheres.
Diante das denúncias, o delegado-geral da Polícia Civil de Alagoas, Gustavo Xavier, determinou a criação de uma comissão composta por quatro delegadas que assumiram a investigação do caso.
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Peritos recolheram material encontrado nas paredes para análise — Foto: Ascom PC-AL
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Policiais e agentes da Vigilância Sanitária fizeram varredura no local — Foto: Ascom/ PC-AL
Fonte: G1