A falta de alternativas acessíveis afeta principalmente países em desenvolvimento, que relatam dificuldade para custear diárias elevadas. Países africanos e latino-americanos, que tradicionalmente têm recursos limitados para viagens internacionais, demonstram preocupação com o impacto financeiro da participação. A situação gerou tensão entre delegações e a Organização das Nações Unidas, que chegou a avaliar formas de intervir para garantir hospedagem adequada a todos os participantes.
A escassez de quartos forçou alguns governos a cancelar viagens e reconsiderar o envio de delegações completas. Nações europeias, como Áustria, já confirmaram ausência, enquanto outras estudam reduzir o número de representantes ou desistir caso não sejam oferecidas condições mínimas de acomodação. A ameaça de abandono coletivo compromete a credibilidade da conferência, uma vez que a COP30 tem como objetivo reunir países de todas as regiões para discutir soluções globais para a crise climática.
Em resposta, o governo brasileiro buscou soluções alternativas para enfrentar a crise. Navios e cruzeiros foram convertidos em alojamentos temporários, escolas e instituições públicas passaram a servir como hostels, e sistemas online de reserva foram implementados para tentar centralizar e regular os preços. Apesar dessas medidas, grande parte das delegações continua sem garantia de hospedagem adequada, o que mantém aceso o risco de ausências significativas durante o evento.
Além do impacto logístico, a situação gera repercussões políticas. A escolha de Belém como sede é estratégica, pois simboliza a importância da Amazônia no debate ambiental global. No entanto, a falta de infraestrutura hoteleira adequada coloca em dúvida a capacidade da cidade de receber um evento dessa magnitude sem comprometer a participação internacional. O governo defende que os investimentos realizados em mobilidade urbana, drenagem e vias foram suficientes, mas críticos apontam que a preparação para acomodar delegados e imprensa especializada ficou aquém do necessário.
A crise evidencia como a logística e o planejamento de grandes conferências internacionais são fatores tão determinantes quanto o conteúdo das discussões. Um evento que não consegue garantir a presença de todos os países interessados corre o risco de perder legitimidade e enfraquecer os resultados esperados. A COP30, cuja missão é promover debates inclusivos e ações climáticas globais, pode ter sua eficácia reduzida se o problema de hospedagem não for resolvido rapidamente.
Com o tempo se esgotando para resolver as pendências, o cenário em Belém segue incerto. Delegações internacionais aguardam soluções concretas, e a pressão aumenta para que o governo brasileiro apresente alternativas viáveis. O sucesso da conferência dependerá da capacidade de equilibrar simbolismo geográfico, participação global e logística adequada, garantindo que a COP30 mantenha seu papel como fórum decisivo na luta contra as mudanças climáticas.
Fonte: polinvestimento.com