Problemas técnicos no WhatsApp dificultaram acesso a mídias citadas em conversas entre Bolsonaro, Eduardo e aliados
O relatório da Polícia Federal (PF) que fundamenta o pedido de indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) revelou falhas importantes na recuperação de provas consideradas fundamentais para o avanço das investigações sobre a suposta tentativa de obstrução de ação penal ligada à tentativa de golpe de Estado.
Segundo o documento, a PF não conseguiu acessar ao menos dez áudios, quatro imagens e um vídeo, todos citados em diálogos entre Jair e Eduardo Bolsonaro. A ausência desses arquivos deixa lacunas relevantes na apuração dos fatos e na avaliação da estrutura de coordenação entre os envolvidos.
Falhas técnicas do WhatsApp impactaram investigação
A dificuldade para recuperar os materiais está relacionada ao funcionamento do WhatsApp, que não armazena arquivos de mídia em seus servidores, limitando-se a reter apenas metadados — como nomes de arquivos, horários e tipo de conteúdo. Assim, áudios enviados por Jair Bolsonaro em resposta a mensagens de Eduardo sobre estratégias políticas e o futuro da família permaneceram inacessíveis.
Além disso, também ficaram sem recuperação interações que envolvem o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), cujo nome aparece nas trocas de mensagens entre os investigados.
Conteúdo de vídeo perdido indicava articulação internacional
Entre os arquivos não encontrados, destaca-se um vídeo compartilhado por Eduardo Bolsonaro com a legenda: “Pressão aumenta nos EUA. Pode ter certeza, não estamos parados”. A PF tentou localizar publicações semelhantes em redes sociais abertas, na tentativa de suprir a ausência do arquivo original, mas não conseguiu confirmar se tratava do mesmo conteúdo.
Outro material perdido trataria da relação com o ex-presidente norte-americano Donald Trump, incluindo respostas em áudio de Jair Bolsonaro, cujo teor permanece desconhecido. Segundo a PF, essa perda compromete seriamente a análise sobre eventual coordenação entre Bolsonaro, aliados e interlocutores estrangeiros.
“Essas lacunas comprometem a avaliação sobre o grau de coordenação entre Bolsonaro, seus aliados e eventuais interlocutores estrangeiros”, diz o relatório.