Em meio à crise provocada pela nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, o presidente Lula voltou a sinalizar disposição para buscar uma saída negociada diretamente com o governo norte-americano. Durante um evento em Osasco, na Região Metropolitana de São Paulo, Lula reforçou que o vice-presidente Geraldo Alckmin tem sido o principal responsável por tentar abrir um canal de diálogo com o presidente Donald Trump.
Em um discurso descontraído, Lula fez questão de destacar a experiência de Alckmin como articulador político, lembrando sua longa trajetória como governador, deputado e administrador público. O presidente ressaltou que o vice é alguém que prefere a diplomacia à confrontação, deixando claro que o governo quer apresentar argumentos que desmintam informações que, segundo ele, teriam influenciado a decisão do governo Trump de adotar a taxação mais pesada contra produtos brasileiros.
Apesar das palavras de confiança, a situação revela obstáculos práticos. O próprio Lula reconheceu que Alckmin tem tentado contato diário com representantes da Casa Branca, mas até agora não obteve qualquer resposta positiva. O esforço de aproximação esbarra em um ambiente político complicado, em que sinais de desgaste acumulados ao longo dos últimos meses contribuem para dificultar qualquer avanço imediato nas conversas.
Nos bastidores, imagens e episódios reforçam a resistência dos americanos. Uma fotografia de Geraldo Alckmin em uma cerimônia no Irã circula em Washington, alimentando críticas entre aliados de Trump. No registro, o vice aparece em meio a lideranças de grupos considerados adversários históricos dos EUA, enquanto parlamentares iranianos entoavam palavras de ordem contrárias ao governo norte-americano. A imagem já se espalhou por corredores influentes e serve como justificativa para o endurecimento das tratativas com o Brasil.
A situação fica ainda mais delicada ao se lembrar de discursos de Lula que, em momentos passados, não economizaram críticas à administração de Trump. Durante o período eleitoral americano, Lula chegou a declarar apoio à então candidata Kamala Harris, adversária do republicano, e fez falas em fóruns internacionais propondo alternativas para reduzir a dependência global do dólar — tema sensível para o governo norte-americano.
Ao mesmo tempo, outros esforços diplomáticos do Planalto também não avançaram. Técnicos da equipe econômica teriam buscado contato com o Tesouro americano para tratar da nova tarifa, mas foram informados de que a competência sobre a medida é exclusiva da Casa Branca. Assim, até agora, não houve abertura concreta para um diálogo mais direto.
Diante desse cenário, Lula tenta manter o tom de apelo à boa convivência. O presidente insiste que o Brasil quer demonstrar que não é uma ameaça aos Estados Unidos, mas sim um parceiro tradicional, disposto a cooperar economicamente. Ainda assim, na prática, a escalada do impasse já gera apreensão entre produtores e setores impactados pela alta de impostos.
Enquanto a equipe presidencial busca uma saída, cresce a pressão para que a diplomacia consiga reverter o clima de tensão antes que os efeitos da tarifa pesem ainda mais na economia. O Planalto tenta reafirmar que o Brasil segue aberto ao diálogo, mas a falta de retorno de Washington indica que será preciso mais do que boa vontade para reconstruir pontes e desfazer o mal-estar que se arrasta há meses.
Fonte: pensandodireita.com