A sessão desta quinta-feira (24) no Supremo Tribunal Federal (STF) foi palco de um momento de alta tensão entre o ministro Alexandre de Moraes e o advogado Jeffrey Chiquini, que defende Filipe Martins, ex-assessor especial da Presidência. Durante a oitiva de testemunhas no processo sobre os ataques de 8 de janeiro, os dois protagonizaram um embate acalorado que interrompeu o andamento do julgamento.
Tudo começou quando Moraes classificou os acusados de envolvimento nos atos como “golpistas” e não apenas como vândalos, destacando que alguns já foram condenados. O comentário irritou o advogado de Martins, que prontamente questionou quais imagens fundamentavam essa afirmação. Chiquini quis saber se o ministro se referia a todas as gravações ou apenas a registros pontuais, dando a entender que parte do material poderia ter sido ocultada.
A pergunta não foi bem recebida por Moraes, que retrucou com ironia, perguntando se o advogado estava acusando alguém de ter sumido com provas. Chiquini rebateu dizendo que não tinha responsabilidade sobre a guarda do material, já que não ocupa cargo público, e tentou explicar que falava de forma geral, sem apontar culpados diretamente.
O clima ficou ainda mais carregado quando Moraes respondeu que comunicaria as autoridades sobre as “acusações” que, segundo ele, o advogado estava levantando. Visivelmente incomodado, o ministro afirmou que já tinha oficiado o ministro da Justiça e o governador Tarcísio de Freitas para que fossem informados do teor das declarações de Chiquini.
Mesmo com o atrito, o defensor ainda tentou retomar sua linha de perguntas, desta vez direcionadas a um general que testemunhava na sessão. Sua intenção era descobrir quantas câmeras de vigilância existiam no local no dia dos ataques. No entanto, Moraes não permitiu que o questionamento fosse concluído e interrompeu o advogado, encerrando a tentativa de interrogatório.
A sessão seguiu com Moraes questionando se outros advogados presentes desejavam fazer perguntas, mas o clima de impaciência continuou. Um defensor que representava o coronel Marçal tentou formular uma questão, mas foi igualmente interrompido pelo ministro, que se mostrou decidido a não permitir prolongamentos que, em sua visão, poderiam desviar o foco da audiência.
A troca de farpas expôs a tensão que cerca os julgamentos dos envolvidos no 8 de janeiro. Moraes mantém postura rígida para conduzir os processos e costuma não tolerar insinuações que questionem a seriedade das provas reunidas. Por outro lado, defensores dos réus insistem em apontar possíveis lacunas ou seletividade no uso de imagens e registros, argumentando que isso pode comprometer a defesa.
Para muitos, o episódio mostra como as audiências ligadas aos atos de invasão ainda são um terreno fértil para embates entre Judiciário e bancas de defesa. O julgamento segue cercado de grande expectativa política e jurídica, já que envolve personagens ligados ao governo anterior e temas que continuam inflamando o debate público no país.
Mesmo com a tensão, o Supremo prosseguiu com o cronograma de depoimentos. Entre defesas insistindo em ampliar questionamentos e o ministro controlando o ritmo da sessão, ficou evidente que os processos relacionados ao 8 de janeiro ainda vão gerar discussões intensas dentro e fora do plenário.
Fonte: pensandodireita.com